Especial 007: A vez de George Lazenby


Depois de estrear como James Bond em 1962 no longa “007 Contra o Satânico Dr. No”, Sean Connery virou uma das maiores estrelas de Hollywood e transformou o agente secreto criado por Ian Fleming em um dos maiores heróis do cinema. Em 1967, após filmar “Com 007 Só Se Vive Duas Vezes”, seu quinto filme, decidiu se aposentar do papel para buscar novos projetos (vale lembrar que ele ainda retornou para viver Bond em 1971 e 1983).

Um baque e tanto para franquia, que naquele momento já era bastante lucrativa e uma das principais da indústria cinematográfica. Com isso, os produtores Albert R. “Cubby” Broccoli e Harry Saltzman se perguntaram quem poderia substituir Connery como Bond. Era algo possível? Se a ideia era continuar com as aventuras de 007, tinha que ser de algum jeito.

Após de longas procuras, eles encontraram no modelo australiano e vendedor de carros, George Lazenby, a chance de seguir em frente com o personagem na telona, agora com “007 A Serviço Secreto de Sua Majestade”. Mas a escolha não foi tão certeira dessa vez.

O longa baseado no livro homônimo de Fleming, escrito em 1963, até que contém uma trama interessante para o final da década de 1960, em que Bond vai atrás do chefão da organização criminosa Spectre, Ernst Stavro Blofeld (Telly Savalas), e se encanta pela bela Tracy (Daiana Rigg). No entanto, o maior ponto fraco da obra é justamente o protagonista, que deixa a desejar em pontos importantes.

É verdade que Lazenby (com 30 anos na época) até tinha algumas semelhanças físicas com o seu antecessor, mas infelizmente isso não foi o bastante para encarnar o espião do MI6. Aliás, a falta de experiência como ator certamente pesou nesse momento. Dessa vez, não vemos no australiano o sarcasmo e o humor áspero que Connery colocou no personagem, além da imposição necessária em cenas importantes, como no final em que presencia uma das maiores tragédias da vida do agente secreto.

Talvez o maior trunfo do segundo 007 do cinema seja mostrar o lado romântico do personagem, algo raro se levarmos em conta que ele sempre foge de relacionamentos mais sérios. No longa, um dos momentos mais bonitos foi quando Bond pediu a mão de sua parceira em casamento, em um celeiro, após serem perseguidos por capangas de Blofeld.

O romantismo não foi suficiente para conquistar a crítica e o público, fazendo com que a trajetória de George Lazenby como James Bond ficasse curta (um filme apenas). É, senhores Broccoli e Saltzman, não dá para acertar todas. Bola para frente!

Em contrapartida, após décadas de seu lançamento (estreou nos cinemas internacionais em 1969 e no Brasil em 1970), “007 A Serviço Secreto de Sua Majestade” é um filme que não deve ser desprezado e merece certo respeito. Ele faz parte da franquia tanto quanto os inesquecíveis “007 Contra Goldfinger”, “007 O Espião Que Me Amava” e “007 Operação Skyfall”, afinal de contas, possui elementos importantes de um filme de James Bond, como cenários maravilhosos (os Alpes Suíços, no caso), boas cenas de ação, belas mulheres (para muitos, Diana Rigg é uma das bondgirls mais lindas de toda a franquia) e um duelo marcante entre herói e vilão em um bobsled no clímax da trama.

por Pedro Tritto – Colunista CFNotícias