Crítica – Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2


Em minha experiência como crítico cinematográfico, tenho visto que sequências, normalmente, não conseguem acompanhar o sucesso do primeiro longa de uma franquia, pois há a inclusão de elementos inéditos para tentar manter a qualidade, sendo que tal recurso nem sempre funciona.

Não é o caso de “Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2” (Winnie-The-Pooh: Blood and Honey 2), que chega aos cinemas com a promessa de cativar e horrorizar o público fã de terror (e consegue, à sua maneira, fazê-lo).

Aproveitando a liberação dos direitos autorais da obra do escritor inglês Alan Alexander Milne, o universo de Pooh foi adaptado para o mundo do terror trash em 2023, com “Ursinho Pooh: Sangue e Mel”.

Nessa versão inédita, o jovem Christopher Robin (Nikolai Leon) cresceu e abandonou os seus amigos do Bosque dos Cem Acres à própria sorte, o que gerou um sentimento de vingança nos animais, transformando Pooh e seus amigos em feras assassinas.

A continuação se passa cinco meses após o massacre ocorrido no capítulo anterior e mostra como boa parte da população da cidade de Ashdown ficou contra Christopher (agora interpretado por Scott Chambers), acusando o jovem de ser um cruel assassino.

Mas, como nada ficou provado, a dúvida e a raiva pairam na vida da família Robin. Tudo começa a mudar quando Pooh e sua gangue voltam a aterrorizar a comunidade e fica evidente que os assassinatos foram cometidos por algo muito mais aterrorizante.

O novo filme traz uma reviravolta que mudará o sentido de tudo o que sabíamos sobre a primeira produção e a origem sinistra de Pooh. O espectador ficará chocado com as revelações e o sentido distorcido e complexo que fará uma grande diferença para o futuro da franquia.

Como indica o título, há (muito) sangue jorrando na tela, e, se você é fã de gore, não ficará desapontado. As mortes – em profusão – surgem com o máximo do absurdo de mutilações anatômicas. E, um ponto de muito interesse é que o roteiro do diretor Rhys Frake-Waterfield e de Matt Leslie apresenta uma estrutura que mantém, na maior parte do tempo, uma narrativa coesa – elemento raro em obras deste tipo.

Uma melhoria em relação ao longa antecessor é a questão da maquiagem e das máscaras utilizadas. Se antes podíamos ver que eram apenas pessoas fantasiadas, agora há texturas e formatos correspondentes com as criaturas monstruosas representadas por Pooh (Ryan Oliva), Leitão (Eddy MacKenzie) – cujo retorno será devidamente explicado, Corujão (Marcus Massey) e Tigrão (Lewis Santer) – este, meu favorito pela brutalidade explícita. E as vozes guturais (mesmo que os textos sejam tão escassos) também ajudam a dar essa sensação de perigo iminente.

“Ursinho Pooh: Sangue e Mel 2” me surpreendeu positivamente e deve satisfazer não apenas os fãs dos gênero trash / gore / slasher, mas também quem busca uma opção com bons sustos e muito sangue (mas quase nenhum mel).

Vá ao cinema e aproveite a segunda parte da franquia que já teve seu próximo capítulo confirmado. E, lembre-se: os personagens não são mais tão fofinhos e o conto de fadas virou uma lenda de terror.

por Clóvis Furlanetto – Editor

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Imagem Filmes.