Crítica: Os 3 Infernais


Rob Zombie é uma pessoa de múltiplos talentos. Durante os anos 1980, construiu uma carreira de sucesso como vocalista da banda White Zombie e também em carreira solo. No começo dos anos 2000, embarcou em uma carreira nos cinemas, que mesmo sendo controversa e de nicho, teve grande sucesso.

Um ponto em comum rege tanto sua trajetória cinematográfica, quanto musical: sangue, morte e violência. Não por que ele seja um assassino violento, um brutal agressor ou um criminoso, mas sim por seus filmes e letras de músicas tocarem neste tipo de assuntos.

Seu longa de estreia é “A Casa dos 1000 Corpos”, de 2001, que conta a história do clã de serial killers e psicopatas Firefly, e é uma sátira do terror slasher adolescente que dominou a década da alta de sua música – nesse caso não se entenda sátira por ser engraçado, apesar de alguns elementos o serem, mas no sentido de criticar e comentar. Agora, 18 anos depois do lançamento com sua estreia atingindo a maioridade penal – no Brasil ao menos –, temos a conclusão da saga dos Firefly – ou até que ele decida produzir uma continuação – com “Os Três Infernais” (3 from Hell).

A saga dirigida, roteirizada e produzida por Zombie segue os três sobreviventes da família, Capitão Spaulding (Sid Haig), Otis Driftwood (Bill Moseley) e Baby (Sheri Moon Zombie), depois sua captura no segundo filme da série, “Rejeitados pelo Diabo”. Após a execução de Capitão Spaulding, Otis consegue fugir da prisão com a ajuda de seu meio irmão Winslow Foxworth Coltrane – ou simplesmente Foxy (Richard Brake), pretende libertar sua irmão Baby e reconstruir o legado da família.

O filme segue o estilo próprio de Zombie, com câmeras livres frenéticas, muitos zooms próximos nos rostos e a frequente utilização de saturações bem acentuadas das cores. O uso alternativo das câmeras e cores torna a produção única, em um mundo no qual se procura cada vez mais realismo no cinema e menos estilizações.

O roteiro conta com momentos de extrema violência, seja ela explicita ou sugerida, e com intensos banhos de sangue. Isso, alcança um resultado um tanto afastado da audiência geral, algo que desde o começo da carreira Zombie nunca se importou muito.

A maior crítica fica para a indecisão sobre o caráter dos personagens: no começo há várias alusões e sátiras aos fãs de serial killers e como a mídia influencia e, na ânsia de conseguir audiência, incentiva este fenômeno. No entanto, o próprio filme parece enaltecer estes personagens, o que pode tornar a temática confusa para alguns espectadores.

Por fim, as atuações também seguem o estilo dos trabalhos anteriores e seguem cheias de exageros. Curiosamente, isso trabalha em favor da obra: o que normalmente poderia tornar a produção irritante, neste caso a torna mais densa e sinistra.

“Os Três Infernais” é uma óbvia opção para fãs de Rob Zombie e para quem já está acostumado ao estilo dele. Se por um lado há pontos que podem desagradar o público que não conhece as produções anteriores, é bem provável que estes mesmos pontos satisfarão os admiradores do diretor / produtor / roteirista de maneira considerável.

por Ícaro Marques – especial para CFNotícias