Crítica: Midsommar – O Mal não espera a Noite


Com uma grande expectativa devido ao sucesso de “Hereditário”, chega aos cinemas nacionais a nova produção de Ari Aster: “Midsommar”, que no Brasil ganhou o subtítulo de “O Mal não espera a Noite”.

A trama mostra três amigos, Josh (William Jackson Harper), Mark (Will Poulter) e Christian (Jack Reynor) que, a convite de Pelle (Vilhelm Blomgren), um intercambista sueco, planejam uma viagem para conhecer sua pequena aldeia isolada na Suécia e a celebração de solstício de verão que acontece a cada noventa anos, o Midsommar.

A viagem que tem caráter acadêmico para Josh acaba ganhando uma nova integrante, Dani (Florence Pugh) a namorada de Christian, que depois de perder sua família de forma trágica considera a viagem como uma forma de espairecer e encarar o luto.

A obra então se divide em dar foco ao casal, e sua relação fria e distante, e a aldeia de Hårga que com suas cores claras e diurnas se opõe ao início do filme, que é escuro, gelado e misterioso.

Hårga, em que praticamente nunca anoitece, subverte muito do terror convencional ao nos mostrar um local amplo e aberto, sem portas trancadas, claro e praticamente sem sombras e ainda assim incrivelmente assustador.

A produção aborda o sentimento desconfortável de alteridade na cultura estranha da aldeia paralelamente ao relacionamento dissonante e problemático de Dani e Christian.

Quem espera um filme semelhante a “Hereditário” irá se surpreender e quem espera um jump scare convencional poderá sair frustrado (ou quem sabe positivamente surpreendido?). “Midsommar” além de ter um clima diferente do trabalho anterior do diretor se esforça em conciliar o grotesco e o cômico tendo como plano de fundo um cenário onírico e resplandecente ao mesmo tempo em que é estranhamente desconfortável.

Representando uma forma de jornada de autoconhecimento ao se deparar com o outro – no caso os estranhos e mórbidos costumes da aldeia – Dani entra em uma catarse que nos rituais da vila encontra a luz do dia para atingir o ápice de sua obscuridade e enfim ser exorcizado em uma assustadora redenção.

por Isabella Mendes – especial para CFNotícias