Crítica: A Vida Secreta de Walter Mitty
Como Ben Stiller – um ator nem sempre aclamado por seus trabalhos – poderia, além de atuar, também dirigir um filme muito bonito e com uma mensagem de liberdade? “A Vida Secreta de Walter Mitty” (The Secret Life of Walter Mitty), que chegou aos cinemas em 2013, proporciona a uma viagem de aventuras pela Groenlândia, Islândia e o Himalaia com imagens magníficas.
Walter Mitty, personagem interpretado por Ben Stiller, é um pacato gerente de negativos da Revista Life que está prestes a encerrar as edições impressas, só ficando de forma digital, na qual tem a incumbência de dar a última foto da versão imprensa.
Um ser introvertido, levando uma vida normal, sem aventuras. Contudo, Mitty é um homem sonhador que, por algumas vezes no filme, fica em off imaginando cenas de luta contra seu chefe por causa de um boneco que estica ou sonha acordado ao se imaginar sendo um alpinista espanhol que rouba o coração de Cheryl Melhoff, (Kristen Wiig).
Observamos que o protagonista estava tentando resolver o problema da última foto da Life, ao receber um pacote com negativos do importante fotógrafo Sean O’Connell, interpretado por Sean Penn. A imagem, “a quintessência de todos os tempos”, como afirma o personagem, não estava entre os recebidos.
Mitty tenta achar pistas sobre a tal foto tentando encontrar o fotógrafo, pois, este demonstra ter aversão à tecnologia (não tendo celular, e-mails e sua máquina fotográfica ainda é analógica). Seguindo tais pistas e sendo incentivado pela Cheryl, Walter Mitty sai de sua vida pacata e embarca numa grande aventura.
O filme nos presenteia com belas imagens da Groenlândia, ilha localizada no Atlântico Norte, pertencente à Dinamarca, na qual Walter inicia sua busca atrás do Sean e da misteriosa foto.
Apesar de ficar imaginando muitas coisas, o personagem interpretado por Stiller começa de fato a ter aventuras, arriscando-se a voar de helicóptero com um piloto bêbado, lutar com tubarões (que os marinheiros achavam que eram golfinhos) e depois chegando à Islândia, onde nos deparamos com uma fotografia incrível das paisagens, com seus fiordes, planaltos, vulcões. Inclusive é a fotografia do filme que chama bastante atenção, incluindo as cenas do Himalaia que têm imagens dignas de imagens do National Geography.
O roteiro engrena quando aborda a profundidade por trás do principal, apresentando reflexões sobre a vida que são complementadas por frases icônicas e excelentes transições de imagens e uma trilha sonora que dialoga sempre com o filme, estimulando o público a observar questões sobre sucesso, beleza e bravura.
A trilha sonora é outro ponto muito interessante do filme, a colocação das músicas nas cenas de aventura e de viagens de Walter dá um tempero a mais, cativando mais ainda o público. Destaque para “Space Oddity”, de David Bowie.
O longa tem uma filosofia existencialista e que me cativou bastante. “A Vida Secreta de Walter Mitty” é para aqueles que desejam sair do seu cotidiano, que desejam que seus sonhos se tornem realidade, é para quem deseja desbravar o desconhecido e guardar histórias magníficas que possam chamar a atenção das pessoas. Recomendado a quem tem um espírito aventureiro.
por Eric Moura – especial para CFNotícias*
*A publicação deste texto é parte de uma atividade proposta no Workshop “Vamos falar sobre: A Crítica Cinematográfica” promovido pelo editor-chefe do site, Clóvis Furlanetto.