Crítica: A Teia


Filmes que abordam o tema do Alzheimer – doença marcada pela perda de memória – têm sido frequentes no universo cinematográfico. Geralmente, essas narrativas seguem um padrão em que o protagonista se vê perdido em meio ao labirinto de suas próprias lembranças. No entanto, em “A Teia” (Sleeping Dogs), que chega aos cinemas brasileiros, somos apresentados a um roteiro ainda mais intrincado e inventivo.

Sob a direção de Adam Cooper, conhecido por seu trabalho nos roteiros de “Carga Explosiva: O Legado” e “Assassin’s Creed”, o longa centra-se em Roy Freeman (interpretado por Russell Crowe), um ex-policial investigativo aposentado que enfrenta os desafios do Alzheimer.

Após submeter-se a um procedimento experimental envolvendo implantes tecnológicos para recuperar sua memória, Roy é incentivado por sua médica a realizar exercícios lógicos. Nesse ponto que ele é chamado para revisitar um caso de um detento no corredor da morte, numa tentativa de provar sua inocência. Laura Baines (interpretada por Karen Gillian) emerge como uma nova suspeita no homicídio.

O enredo desdobra-se em diversas reviravoltas, surpreendendo o espectador, especialmente porque adota uma perspectiva que transforma o que vemos em tela em um quebra-cabeça.

Isso, aliado à condição de perda de memória do protagonista, confere uma aura de incerteza e confusão, o que se revela uma abordagem excelente para contar essa história. No entanto, a duração de quase duas horas da obra poderia ser mais concisa, uma vez que sua extensão prejudica o interesse ao longo da projeção.

Além disso, as performances do elenco, embora composto por atores renomados, parecem subutilizadas, dando a impressão de uma direção que não aproveita todo o potencial dos artistas em uma obra promissora.

Baseado em “O Livro dos Espelhos”, de E. O. Chirovice (de 2017), “A Teia” é, indubitavelmente, um sólido título de suspense, com uma trama bem elaborada que mantém o espectador imerso em seu conteúdo. Contudo, sua narrativa arrastada e as interpretações pouco exploradas levantam dúvidas quanto ao seu potencial para cativar o público.

por Artur Francisco – especial para CFNotícias

*Título assistido em Sessão Regular de Cinema.