Crítica: Oppenheimer


Chega aos cinemas “Oppenheimer” que é um filme baseado no livro, “Oppenheimer: O triunfo e a tragédia do Prometeu Americano”, de Kai Bird e Martin J. Sherwin, lançado em 2006 e vencedor do Prêmio Pulitzer.

O resultado é uma obra cinematográfica com a assinatura do diretor Christopher Nolan, que nos apresenta uma produção densa e com uma trama política e histórica sobre o criador da primeira bomba atômica: o físico J. Robert Oppenheimer, interpretado pelo ator Cillian Murphy – impecável neste papel.

A narrativa é pontuada por depoimentos de Robert Oppenheimer, seus colegas no projeto Los Alamos, sua esposa – a bióloga e botânica Katherine “Kitty” Oppenheimer (Emily Blunt), pelo l General Leslie Groves Jr. (Matt Damon) e Lewis Strauss (Robert Downey Jr.), que foi um dos fundadores da Comissão de Energia Atômica dos Estados Unidos.

Estas declarações são um jogo duplo de Strauss para desacreditar Oppenheimer perante o público e o governo americano, quando o físico -tomado pela culpa de sua invenção – tenta, desesperadamente, criar uma limitação para o uso e construção de mais aparatos atômicos para utilização militar.

Temos a oportunidade de vislumbrar todo o processo de criação e desenvolvimento da Bomba A, e como Oppenheimer acreditava estar fazendo o bem, ao desenvolver uma arma para que pudesse impedir novas guerras – enquanto os aliados lutavam pelo fim da Segunda Grande Guerra Mundial, liderada pelos alemães do partido nazista.

É importante que você vá ao cinema aberto a uma sucessão de sentimentos e sensações conflitantes, pois não há heróis / vilões clássicos ou definidos. São pessoas comuns em busca de seus próprios interesses e desejos.

Tais figuras colocam a vida humana em segundo plano para alcançar um objetivo que, em um primeiro momento, parece humanitário, mas se transformará na maior e mais letal ação contra um povo já realizada em um ato de agressão.

Historicamente, o longa preenche várias lacunas entre a criação da bomba atômica e sua utilização contra os japoneses no final da Segunda Grande Guerra Mundial. E são esses detalhes que mais assustam, pois são decisões tomadas sem pensar nas consequências, pois não se sabia o real poder que seria desencadeado por uma explosão atômica.

Embora, obviamente, não haja uma obrigatoriedade, vale dizer que a experiência de ver “Oppenheimer” primeiramente em uma sala de cinema com um bom som (caso seja possível em IMAX), é estonteante.

O diretor Chris Nolan é especialista em obras grandiosas com uma trilha sonora e incidental maravilhosa, por este motivo não espere até estar disponível no streaming, caso contrário, perderá boa parte da sensação e imersão da obra.

Esta é uma produção para a família (visto que a classificação indicativa no Brasil é para o público maior de 18 anos). A história tem um grande peso dramático, deve ser vista e analisada com profundidade e depois ponderada para nossos dias, devido aos perigos que vivemos com as nações que possuem as armas atômicas mais letais do planeta e seu poder destrutivo.

Através de um verso do livro sagrado do hinduísmo, o Bhagavad Gita, J. Robert Oppenheimer se define em certo momento do filme: “Agora, eu me tornei a Morte. O destruidor de mundos”. E esta é a mais pura verdade.

por Clóvis Furlanetto – Editor

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Universal Pictures.