Crítica: Mank
Seis anos. Esse é o tempo que demorou para David Fincher gravar um novo filme. O último foi o ótimo “Garota Exemplar”, com Rosamund Pike e Ben Affleck. Agora, o diretor dá vida ao antigo projeto de seu pai, Jack Fincher, chamado “Mank”, que conta a história do roteirista Herman J. Mankiewitz e os bastidores do longa “Cidadão Kane”, que até hoje é considerado para muitos o melhor filme da história do cinema.
E o resultado é uma viagem no tempo para a Hollywood das décadas de 1930 e 1940, em que vemos Gary Oldman mais uma vez dando um show de interpretação. Digo isso porque é notável ver o ator em plena forma ao transmitir os sentimentos de um sujeito visto muitas vezes como um alcóolatra e inconsequente.
Se você se encantou com ele interpretando o primeiro-ministro britânico, Winston Churchill, em “O Destino de Uma Nação” (venceu o Oscar de melhor ator por esse trabalho), agora é mais um deleite.
O longa foca justamente na história tumultuada de Mank (forma que era chamado pelos mais íntimos), em que acaba lutando contra Orson Welles (Tom Burke) pelos créditos do texto de “Cidadão Kane”. Em paralelo, passeamos pelo contexto histórico da época, em que consta a chegada do nazismo no mundo e o conflito norte-americano com o comunismo, fatos que afetaram muito a vida e a principal obra do protagonista.
É verdade que o registro de Fincher tem outros pontos positivos, como a presença de Amanda Seyfried, que vive a atriz Marion Davies, e Lily Collins como Rita Alexander, mas infelizmente isso não é o bastante para deixar a história mais atrativa.
Filmado em preto em branco, a obra até consegue retratar de forma precisa a indústria cinematográfica da primeira metade do século 20, mas a verdade é que o filme é longo (170 minutos aproximadamente) e arrastado. Isso porque o roteiro carrega muitos flashbacks e neles mistura temas complexos, deixando tudo mais confuso na cabeça do espectador.
Uma coisa é fato: é bonito acompanhar o nascimento de um clássico que até hoje é uma referência para a história do cinema, afinal de contas, mudou a forma de ver a indústria e a perspectiva do setor. Pena que revelar os segredos por trás da criação de “Cidadão Kane” talvez não seja o suficiente para fazer de “Mank” um grande marco.
por Pedro Tritto – Colunista CFNotícias