Crítica: Luta por Justiça


Destin Daniel Cretton pode ser considerado um calouro quando o assunto é direção, contudo assumiu projetos que exigiam competência para assertividade, como “A Cabana” e “O Castelo de Vidro”, dramas lançados em 2017 e ambos adaptações de best-sellers que são sucessos mundiais.

Em “Luta por justiça” (Just Mercy), baseado em acontecimentos reais, temos Bryan Stevenson (Michael B. Jordan), um advogado recém-formado se esforçando para dar acesso à defensoria de qualidade e gratuita a detentos – em maioria negros – no corredor da morte, no Alabama, estado marcado pela segregação racial.

O foco principal do longa é mostrar a luta incansável de Bryan para libertar Walter “Johnny D.” McMillian (Jamie Foxx), acusado injustamente pelo assassinato de uma garota branca. Em toda a obra sentimos o tom de denúncia do sistema prisional racista instaurado, em que homens negros inocentes eram julgados e condenados sem direito real à defesa.

A produção é simplesmente emocionante, é impossível não sentir a dor e o desespero, e não é necessário ter vastos conhecimentos sociais para se indignar com os fatos retratados em tela.

Michael B. Jordan está impecável, o ator que já mostrou toda sua competência para o drama em filmes como “Creed – Nascido para Lutar” e “Pantera Negra”, entrega ao personagem toda dor e indignação necessários, contudo Jamie Foxx convence muito, inicialmente, no papel do homem sem esperança.

Algo que talvez seja um incômodo aos mais atentos em detalhes técnicos é que temos a jornada do herói explícita e linear, com o árduo caminho para a construção perfeita do “mocinho”, o que não é de fato inovador. Contudo, trata-se de uma narrativa baseada em episódios reais, sendo assim há muitos outros pontos a se observar.

“Luta por justiça” é um filme que nos faz refletir, por mais que a história de Bryan tenha início no fim da década de 1980, hoje – mais de 30 anos depois – enfrentamos problemas similares, que não são exclusivos do sistema penitenciário americano.

O filme vem em um momento em que o mundo discute – incessantemente – direitos humanos. Um drama sensível, tocante, daquele faz o espectador sair do cinema com olhos marejados, a cabeça fervilhando e talvez refletindo “O que podemos fazer em meio a tudo isso?”.

Vale muito conferir.

por Carla Mendes – especial para CFNotícias

*Filme assistido durante Cabine de Imprensa promovida pela Warner Bros. Pictures.