Crítica: Gêmeo Maligno


Trazendo uma atmosfera de isolamento e estranhamento cultural, “Gêmeo Maligno” busca inspiração em clássicos do terror como “O Bebê de Rosemary” e “O Homem de Palha” e, apesar de nos brindar com um roteiro bem construído e cheio de reviravoltas interessantes, ainda assim, o longa busca construir seu suspense em elementos clichês do cinema de terror contemporâneo.

A história se inicia após um trágico acidente de carro tirar a vida de Nathan, um dos filhos gêmeos do casal Rachel (Teresa Palmer) e Anthony (Steven Cree). Buscando lidar com o luto, a família se muda para uma cidadezinha rural na Finlândia, porém a drástica mudança de cenário passa a afetar negativamente a saúde mental de Rachel, que tem dificuldade de se adaptar com a cultura local, e ainda tem que lidar com seu filho sobrevivente Eliot, que, desde que se mudou para a nova casa, passa a se comunicar com o irmão morto.

O roteiro é inteligente em apresentar à audiência vários elementos característicos de filmes de terror visando despistar o público sobre o real motivo que está causando o gradativo enlouquecimento da protagonista.

A princípio, somos direcionados a acreditar que a responsável por tal comportamento pode ser a casa, posteriormente é explorado o conceito da idosa misteriosa que alerta sobre perigos do local, e depois o da comunidade com crenças pagãs com comportamentos insidiosos.

Todos esses elementos são inseridos como arquétipos e em primeira instância podem parecer clichês, porém, com o desenrolar da trama, podemos ver como é criativa a forma que tais artifícios são utilizados em tela.

A atuação de Teresa Palmer consegue transmitir com veracidade o desespero de uma mãe que em certos momentos se mostra assustada com o comportamento bizarro de sua criança sobrevivente, e em outros se mostra destruída pelo luto ocasionado pela morte de seu outro gêmeo.

Um papel bem diferente do que a atriz costuma ser escalada e que mostra sua versatilidade: mesmo já sendo uma figura carimbada em várias produções de terror e suspense, nesse longa a atriz brilha e segura muito bem a trama que, basicamente, depende de sua atuação para funcionar.

Mesmo apresentando boas ideias e uma protagonista com força o suficiente para entregar a carga dramática que a trama pede, infelizmente nem tudo são flores e talvez o que mais jogue contra o roteiro seja sua narrativa excessivamente cadenciada, a ponto de fazer o público perder o interesse na resolução dos vários mistérios apresentados.

Em linhas gerais, “Gêmeo Maligno” se mostra um título mediano com boas ideias, porém, com um ritmo problemático que compromete a experiência. Com a execução certa, o resultado poderia ter se tornado algo ainda mais interessante.

por Marcel Melinsk – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela Paris Filmes.