Crítica: AD Astra – Rumo às Estrelas
Alguns anos à frente, sim, um futuro próximo, onde há voos comercias para Lua, Marte já é habitado e operações espaciais são amplamente possíveis: este é o cenário elaborado por James Gray para conceber mais um de seus dramas. Desta vez com Brad Pitt como protagonista supremo – aliás, é quase um filme do Brad Pitt uma vez que ele reina soberano em todas as cenas.
“Ad Astra: Rumo às estrelas” (Ad Astra) é claramente mais drama que ficção científica, se é possível fazer essa distribuição. A narrativa nos apresenta mais um homem que vai ao espaço para salvar a Terra de ameaças desconhecidas, pelo menos para ele, inicialmente. O Major Roy McBride é um engenheiro espacial filho de um astronauta considerado herói, que embarcou em uma missão quando Roy tinha dezesseis anos (quando ele completou vinte e nove o pai foi dado como desaparecido).
Roy é um oficial condecorado e sua maior habilidade é manter a calma mesmo em situações que para reles mortais seriam de total stress, outra característica forte do Major é não permitir que nada tire seu foco de suas missões, nem mesmo o amor e ainda que sofra com sua ausência, ele permite que Eve (Liv Tyler) vá embora.
Quando a Terra é atingida por descargas elétricas vindas do espaço que comprometem estações espaciais, Roy é convocado para uma missão e parte do plano do governo é partilhado com ele, e de repente o homem que cresceu sozinho, que se obrigou a ser o melhor para compensar ou se igualar a figura que lhe foi descrita como pai, vê uma possibilidade de reencontrar seu genitor e é a partir daí que Roy embarca em uma missão que mostrará a ela muito mais do que lhe foi dito durante sua pequena existência.
A atuação de Pitt é assertiva, não há novidade nisso, porém vemos uma maturidade excessiva: podemos sentir a dor de Roy, com poucos diálogos ficamos reféns das emoções do astro. Vale lembrar que Tommy Lee Jones é um personagem secundário – interpreta o pai desaparecido – mas quando os dois têm cenas conjuntas (pouquíssimas) é simplesmente incrível, não há como negar a sintonia, é comovente. É sempre uma questão muito explorada em filmes, esse dramas familiares, o abandono paterno (não que isso seja uma novidade), seja ele intencional ou não.
Os efeitos de computação gráfica são puramente belos, sem mais, estão incríveis. É com a ajuda deles que temos uma lua habitável, um espaço infinito, imensidão, escuridão, animais assassinos, enfim tudo muito convincente.
Seria conveniente (mas não é o objetivo) comparar um infinidade de obras com a mesma temática sejam na ficção científica ou no drama, ou quem sabe falar dos poucos – porém excelentes – trabalhos de Gray. Contudo, o ideal é ver com os próprios olhos, seja como mero espectador ou conhecedor do universo cinematográfico, mais uma excelente produção, que no fim é uma jornada em busca do conhecimento, seja ele espacial ou pessoal.
por Carla Mendes – especial para CFNotícias