Crítica: A Fera


Trazendo uma forte crítica à prática de caça ilegal na savana africana, “A Fera” (Beast) chega às salas de cinema com uma sequência eletrizante de suspense, daquelas que deixa o público se contorcendo nas poltronas.

Com direção de Baltasar Kormákur, o longa narra um drama familiar de Dr.Nate (Idris Elba), que, ao ficar viúvo, decide tirar férias para digerir melhor o processo do luto em um vilarejo no meio de um Safari na África – local onde, há muitos anos, ele conheceu a esposa.

Essa premissa é apenas o pano de fundo para o desenvolver da história. Ao chegarem ao vilarejo, são recebidos por Martin (Sharlto Coplei), um ambientalista e combatente à caça ilegal na região e decidem fazer um passeio guiado pela região. Mas não contavam que iriam encontrar um leão sedento por vingança, sendo ele o único sobrevivente de seu grupo ao ser perseguido por caçadores.

Disposto a deixar claro que só há lugar para um predador na região, o leão mata todos os seres humanos de vilarejos próximos, porém há um fato interessante nos ataques da fera (que somente assistindo à produção para observar). É no meio de um desses locais, alvos da fúria do animal, que Nate e sua família vão parar, passando a serem focos da fera também.

A luta da família serve para aproximar pai e filhas, tendo em vista que estavam abalados devido ao luto, e com muitas culpas a atribuírem, pois Nate havia deixado a mãe de suas filhas pouco antes dela morrer. Então, a corrida pela sobrevivência é também uma chance de redenção para o protagonista.

A obra tem o cuidado de a todo tempo deixar claro que os vilões são os caçadores, não o leão, mesmo eles não sendo muito abordados na história. Outro ponto bem explorado é a hierarquia da selva, mostrando na prática como são as leis entre os animais (que por sinal são mais bem eficazes que entre os seres humanos).

Mas há uma falha ao deixar algumas lacunas, como não deixar claro o desfecho de alguns personagens principais – é como se tivessem desenvolvido a história porém, se esqueceram de sua conclusão.

Importante dizer que “A Fera” tenta ao máximo possível não mostrar cenas de maus tratos a animais, todavia para deixar claro como a caça ilegal funciona, acaba tendo algumas cenas bem sensíveis nesse aspecto.

Em meio à ação e drama, uma coisa abre espaço para a leveza: a fotografia. Os enquadramentos das filmagens em uma das regiões mais estonteantes do planeta é um dos maiores destaques do suspense dramático.

As cenas filmadas do alto dando enfoque aos baobás centenários, os precipícios e a beleza das manadas de animais correndo pelo seu habitar natural, são cenas que cobrem qualquer outra possível falha que possa haver no geral.

por Leandro Conceição – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Universal Pictures.