Fomos conferir a nova adaptação do musical “A Noviça Rebelde”


‘A Noviça Rebelde’, um dos musicais mais prestigiados da Broadway desde 1959, que conta a mais famosa história de amor entre a religiosa que conquistou o coração de um capitão através da música, ganhou nova versão musical e continua arrancando suspiros e admiração do público após quase 60 anos da sua estreia.

O musical eternizado no cinema por Julie Andrews, foi considerado um verdadeiro fenômeno, vencedor de oito prêmios Tony e de cinco Oscars – incluindo o de Melhor Filme – chega agora ao Teatro Renaut com produção Atelier da Cultura e adaptação novamente contada pelos gabaritados diretores Charles Möeller e Claudio Botelho.

20h45 e o primeiro sinal soa no teatro, as pessoas procuram seus assentos e começam a se preparar para o clássico. As luzes se apagam e um cenário pesado com velas retratando o ambiente das freiras acende no palco. Quando você menos espera elas entram em coro com “Preludium” em meio ao público. E logo embalam ao som de “Maria”. Começou!

A plateia entra no clima e se anima com a aparição da irreverente noviça, interpretada com maestria pela jovem, porém muito experiente, Malu Rodrigues – que curiosamente na versão anterior interpretava a personagem Louisa, filha primogênita do capitão –  que já na primeira cena deixa claro a dificuldade de se adaptar às rígidas regras do convento, e é convencida a trabalhar como governanta na casa de um capitão viúvo, pai de sete filhos.

Malu ganha o público com sua voz, atuação e pelo jeito engraçadinho de forma muito natural. A primeira canção veio como um coro entre a plateia “Coisas que eu amo”, em parceria com a madre superior. E depois dá um show na aguardada canção “O som da música”. É impossível não se emocionar e cantar junto com sua despedida do convento para um destino incerto.

Gabriel Braga Nunes dá vida ao heroico Capitão Von Trapp, o ator de 45 anos e iniciante em musicais trabalhou meticulosamente na criação desse personagem, trazendo a peça recursos dramatúrgicos e muita emoção com sua mudança de postura ao decorrer da trama. Sua voz não é uma das mais belas do elenco, mas ele emociona com a apresentação da canção “Edelweis”, considerado um hino austríaco, e que tornou-se um exemplo de resistência, durante a guerra.

O elenco infantil foi muito bem representado, mas não poderia deixar passar batido a atuação da pequena Laura Pavan, uma das intérpretes de Gretl Von Trapp, a atriz com apenas 5 anos arrancou suspiros da plateia todas as vezes que apareceu no palco. Um talento nato!

Crédito: Reprodução

Larissa Manoela atua com muita segurança. A jovem atriz que estreou no teatro como filha mais nova dos Von Trapp na versão de 2008, retorna ao elenco como a jovem Liesel, filha mais velha da família. E agora mostra uma sintonia incrível com seu par romântico Diego Montez, intérprete do carteiro Rolf.

E o destaque com toda certeza vai para Marcelo Serrado, de dá vida ao Tio Max. Mesmo sendo ambicioso e mostrando certa soberba, com sua graciosidade traz leveza e alegria a um ambiente tão pesado após a ocupação da Alemanha. Tio Max aparece como uma esperança quando tudo parece perdido e o ator faz isso com muita sabedoria. Ele forma um contraponto entre o conformismo e a resistência, convenções sociais e o amor. Já seu figurino deixa um pouco a desejar, fica nítido que as roupas têm tamanhos superiores ao dele.

Quando foi revelado a escala de atores que fariam parte do elenco, houve muita rejeição por parte do público, mas ao assistir ao espetáculo percebe-se que isso não passou de apenas uma crítica sem fundamento. Todos, sem exceções, dão um verdadeiro show!

O elenco conta ainda com 45 atores, 18 músicos, cenografia de David Harris, figurinos de Simon Wells e efeitos especiais inéditos em palcos nacionais.

A nova montagem feita pelos diretores Charles Möeller e Claudio Botelho humaniza os personagens e deixa claro o papel transformador que a música tem durante um período tão deprimente e pesado. A ascensão do nazismo é muito bem representada, soldados surgem entre a plateia com lanternas fazendo com que o público faça parte desse momento.

Canções como “The Sound of Music”, “Do-Re-Mi”, “My Favorite Things” e “So Long, Farewel” trazem mais emoção à trama e manifestam o amadurecimento dos personagens ao decorrer da história. O maestro foi merecidamente aplaudido de pé. A música conduz a tensão, clímax e fluidez da história com muita cautela e precisão.

E as canções criadas por Rodgers e Hammerstein surgem agora em novas versões, emolduradas por uma concepção cenográfica diferente. Um luxuoso musical que valoriza a força feminina.

Vale a pena conferir e se emocionar com a linda história da irreverente e forte Maria e dos Von Trapp.

Serviço:

A Noviça Rebelde

Temporada: De 28 de Março a 27 de Maio de 2018. Quartas, Quintas e Sextas, às 21h. Sábados, às 16h e 21h. Domingos, às 15h e 20h

Teatro Renault

Avenida Brigadeiro Luis Antônio, 411 – Bela Vista. São Paulo/SP

Ingressos: R$ 75 a R$ 310

Vendas: Online pelo site da Tickets for Fun (com taxa) ou Bilheteria Local (sem taxa de conveniência)

Duração: 2h45 (+ intervalo de 15 minutos)

Classificação Etária: Livre

por Caroline Lima – especial para a CFNotícias