Especial 007: A era de Roger Moore (1973 a 1985)
Década de 1970. O mundo vivia muitas transformações. Nos primeiros anos, vimos Sean Connery se despedir do papel de James Bond em “007 Os Diamantes São Eternos”, a Guerra do Vietnã se expandir cada vez mais e o Brasil comemorar o tricampeonato da Copa do Mundo, no México, durante a Ditadura Militar. Como dá para perceber, o mundo também vivia grandes conflitos.
Com isso, os produtores Albert R. “Cubby” Broccoli e Harry Saltzman perceberam que era necessário trazer mais esperança e diversão para as pessoas. E como fazer isso? Encontrando um novo 007! Sim, a franquia estava em cheque, já que não podia contar mais com o seu maior astro e George Lazenby fracassou no papel, em 1969.
Ou seja, dessa vez, a escolha tinha que ser perfeita. Qualquer erro podia por fim na vida da criação de Ian Fleming nas telonas. Em resumo, o próximo 007 do cinema tinha que ser histórico. E essa missão foi incumbida a quem? “Sir” Roger Moore, um ator inglês que estava em destaque por trabalhar em séries de TV importantes da época, como “O Santo”.
ESTREIA
Para justamente convencer o mundo que o novo 007 era capaz de seguir as tradições do personagem, era necessário que Moore estreasse no papel de forma poderosa. Conseguiu! O ano foi 1973 e o filme “Com 007 Viva e Deixe Morrer”, baseado no livro homônimo de 1954. E por que sua apresentação foi poderosa?
Primeiramente, porque voltamos a ver um James Bond convincente, com elegância, charme e que não tinha medo de partir para briga quando necessário. Até é interessante citar que Moore trouxe um tom mais leve ao personagem em relação aos seus antecessores, com mais senso de humor e piadas irônicas sobre os vilões que enfrentava.
Sua apresentação clássica, aquela em que diz o nome “Bond… James Bond”, até ganhou mais classe. Ela acontece numa cena em que ele é capturado por bandidos em um bar na cidade de New Orleans e se dirige à bela Solitaire (Jane Seymour), que está lendo cartas de tarô. Moore não titubeia na hora e diz o nome do agente pausadamente, com um suave tom de sedução.
Certamente, o primeiro passo foi dado para que as pessoas o aceitassem no papel e se desvencilhassem dos atores anteriores, principalmente de Sean Connery, uma unanimidade até então.
O que também ajudou o debute de Moore a ser triunfal foi a trilha sonora, feita por ninguém mais ninguém menos que Paul McCartney. Intitulada “Live and Let Die” (nome original do longa), a canção começa num ritmo calmo e parte para um rif poderoso, tocado por piano e guitarras, que foi perfeito nas cenas em que Moore precisa lutar com os inimigos. A perseguição de barco, já na parte final do filme, e a morte do vilão Kananga (Yaphet Kotto), tornaram-se icônicas muito por causa da música do ex-beatle.
TEMOS UM NOVO 007
Pronto! Missão cumprida, Sr. Moore! “Viva e Deixe Morrer” foi um sucesso e a desconfiança do público acabou, ou seja, o astro inglês seguiu vestindo o smoking e tomando o drink tradicional (Vodca Martini batido e não mexido) com mais tranquilidade, tanto que emendou mais 6 filmes da franquia, tornando-se ao lado de Connery (se contarmos “Nunca Mais Outra Vez”, que não é oficial) o ator com o maior número de filmes de 007.
O auge da “Era Moore” no cinema certamente ocorreu em 1977, com a chegada de “007 O Espião Que Me Amava”. Sem dúvida, um dos melhores do herói. É nesse filme que conhecemos o clássico vilão Jaws (Richard Kiel), aquele grandão com dentes de aço que também luta contra Bond em pleno bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, em “007 Contra o Foguete da Morte”, de 1979.
Outro momento marcante de Moore como Bond aconteceu em 1981, em “007 Somente Para os Seus Olhos”, quando mata Ernst Stavro Blofeld, o chefão da Spectre, organização terrorista que marca presença em vários filmes da franquia, jogando-o em uma chaminé após atirá-lo de um helicóptero, logo na cena inicial.
MISSÃO CUMPRIDA
Em 1985, após fazer “007 Na Mira dos Assassinos”, em que Bond persegue uma vilã em plena Torre Eiffel, o ator, que estava com 58 anos, resolveu retirar o smoking e se aposentar do papel. Uma pena, mas totalmente compreensivo, ainda mais se pensarmos no legado deixado para os intérpretes seguintes do personagem.
Sean Connery pode ser o melhor Bond de todos os tempos (e é!), mas Roger Moore não fica tão atrás. Ele é tão histórico quanto o primogênito, já que encarnou o personagem por quase duas décadas (de 1973 até 1985), provando ao mundo que a franquia podia viver sem o colega escocês. E mais, proporcionou diversão e esperança para as pessoas durante momentos históricos difíceis, como a própria Guerra do Vietnã, escândalo de Watergate, a Guerra das Malvinas, entre outros.
Sem contar que trouxe novas características para o herói, além de resgatar carisma, charme, elegância e valentia. Em resumo, não dá para falar de James Bond sem citar o nome de Moore… Roger Moore.
por Pedro Tritto – Colunista CFNotícias