Entrevista: Estivemos na Coletiva de Imprensa de “Bacurau”


Ocorreu na tarde de ontem, 20 de agosto, a Coletiva de Imprensa do filme “Bacurau”, no local estavam presentes a equipe de direção e parte do elenco. O evento aconteceu logo após a exibição para os jornalistas, onde os diretores e atores contaram um pouco sobre a trajetória da gravação do longa e como eles esperam que isso traga uma reflexão para a sociedade.

Os diretores Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles deram início ao bate papo, relatando a produção do filme que já durava quase dez anos, entretanto, as filmagens aconteceram apenas entre os meses de março e maio do ano passado. O longa foi premiado no Festival de Cannes, desde então a equipe tem viajado por vários estados brasileiros para participar das pré-estreias.

Juliano comentou que todos têm recebido uma recepção entusiasmada do público, e que isso tem gerado nas pessoas um afeto pela produção. A partir de semana que vem, “Bacurau” estreia mundialmente e a equipe viajará para Toronto, China e Portugal.

Apesar do filme ter tido início em 2009, ele transmite uma figura muito atual do que estamos vivendo politicamente, com isso, não demoraram a surgir perguntas referentes ao governo. O ator Thomaz Aquino que interpreta o personagem Acácio/Pacote, comentou que embora exista censura, é importante tentar enxergar com clareza o que está sendo transmitido, ter cultura incentiva as pessoas a pensar.

Sônia Braga – que interpreta a personagem Doutora Domingas, médica do pequeno povoado – foi clara em dizer que só aceita participar de filmes se o roteiro tiver um sentimento de mudança, união e persistência. Para a atriz, “Bacurau” é futurista e nos mostra a necessidade de rever o que está acontecendo no Brasil.

Segundo Sônia, todos querem as mesmas coisas: escola, comida, moradia, educação, mas não existe discussão para isso, o debate é a coisa mais importante no momento para que devêssemos encontrar uma solução o mais rápido possível. Ainda afirmou que dedicou sua personagem à vereadora Marielle Franco, e que ainda não desistiu de saber a verdade: “Quem matou Marielle?”.

O incentivo à cultura, e à liberdade de expressão também foram assuntos pautados na coletiva. Para o ator Silvério Pereira, que viveu o personagem Lunga, o artista é aquele que provoca mudança, cada indivíduo deve entender que as ações têm consequências para o coletivo. O ator frisou suas críticas ao atual governo e comentou sobre a anulação de projetos LGBT, e a censura que vem ocorrendo principalmente nos meios culturais.

Silvério foi categórico ao dizer que infelizmente o Brasil é um país de pessoas oprimidas, que devem respeitar o resultado das eleições a partir do momento que a nação for respeitada, que as pessoas não devem se calar.

Para Juliano Dornelles, o mundo está alimentando realidades absurdas e nos tornamos um país rico em contradições e violência. A atriz Karine Teles encerrou a fala dos colegas deixando a seguinte mensagem: “A gente é que critica o governo e nos apoiamos no que estamos assistindo”.

Karine repetiu diversas vezes que a arte se faz para o outro e que a cultura é indispensável para que ocorram mudanças no país. Segundo ela, devemos ter reação aos avanços que ocorrem de forma negativa, as coisas que sempre aconteceram no Brasil agora precisam mudar.

Crédito das fotos: Victória Profirio.

por Victória Profirio – especial para CFNotícias