Crítica: Uma Vida – A História de Nicholas Winton

Uma Vida – A História de Nicholas Winton” (One Life) poderia ser mais uma narrativa sobre a Segunda Guerra Mundial, o que não teria problema, pois rever, revisitar esse trágico período da História Mundial é sempre necessário, e principalmente na atualidade, com o avanço insano de movimentos de extrema direita, simpáticos a crueldade e da deterioração da raça humana.

Vista pelo ângulo de Nicholas Winton (representado perfeitamente em fases distintas por Johnny Flyn e Anthony Hopkins), a guerra é narrada em suas lembranças, em seus pensamentos, em suas angústias e dores.

Aos 29 anos, Nicholas une-se a um grupo de amigos, em uma ação humanitária em Praga, na antiga Tchecoslováquia, cidade ocupada por nazistas, à beira da Segunda Guerra Mundial, em um movimento contra o tempo para ajudar a salvar crianças judias refugiadas. Foram várias viagens de trem, lotadas com crianças, mas o último não saiu, não deu tempo.

Para cerca de 700 vidas salvas, que puderam – mesmo em meio a traumas – seguir suas vidas, construir famílias, sonhar, foi um ato heroico, mas para Nicholas foi um fracasso. Este seguiu se torturando com memórias duras e extrema culpa por não ter conseguido salvar mais pessoas. Carrega um caderno com anotações sobre os resgatados, entre outros que não foram, e inúmeros documentos, de importante valor histórico.

Quando decide desapegar desse material – e quem sabe dessa tortura que o persegue há anos – de início se decepciona com a falta de interesse da imprensa. Continua sua busca, pois não quer doar para uma biblioteca, onde provavelmente ficaria empoeirado, esquecido em uma prateleira. Nessa busca encontra alguém que o ajuda a tornar o material público.

Emocionante reencontro com o passado, e surpreendente destino, arrancam lágrimas da plateia, mesmo que se disfarce.

As cenas do Holocausto sempre vão machucar, agredir, revoltar quem carrega a humanidade dentro de si.  “Uma Vida – A História de Nicholas Winton” é sobre o amor de alguns seres humanos por outros seres humanos.

Dirigido por James Hawes, o filme é baseado no livro de mesmo nome, escrito pela filha de Nicholas, Barbara Winton, lançado na Grã-Bretanha em 2014. No Brasil, foi publicado recentemente pela Cultrix.

por Carlos Marroco – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Diamond Films.