Corridas de aventuras estão entre as provas esportivas que mais desafiam a capacidade humana de sobrevivência e os limites do trabalho em equipe, o que, por si só, já criaria a base para um filme interessante. Agora, falar sobre a história real de um cachorro, que foi inusitadamente adotado no meio da competição, deixa tudo mais único e emocional.
Em “Uma Prova de Coragem” (Arthur The King). Michael Light (Mark Wahlberg) é um atleta de corridas de aventuras que, apesar do casamento feliz, sente grandes mágoas de como foi encerrada sua carreira.
Estimulado pela esposa Helen (Juliet Rylance), Michael vai atrás dos antigos membros de sua equipe para ganhar uma competição, o que significa superar os traumas que tem com eles, concentrar-se para não repetir os mesmos erros e lidar com um companheiro animal que surge no meio da empreitada.
Junto com a apresentação do protagonista e dos seus aliados, temos uma introdução detalhada a essa linha esportiva, com suas regras principais e cuidados técnicos, permitindo que, mesmo alguém alheio a esse mundo (como é boa parte do público, eu incluso), possa entrar nesse meio sem cair no didatismo monótono.
As filmagens ajudam um dar fôlego para a obra, com as mais diversas paisagens naturais da República Dominicana em ângulos de tensão que, embalados pela atuação adequada e trilha sonora acertada, nos joga dentro das emoções e desafios da corrida, onde o desgaste físico e mental é contínuo, nunca sabendo qual será o próximo desafio da jornada, seja das forças da natureza seja dos conflitos de interesse entre os personagens.
Caminhadas na selva, escalada de montanhas, descida de rios, cada etapa tem seu suspense construído, seus obstáculos principais e todo o processo de elaborar uma estratégia, além de ter a força física e mental para executá-la, sem causar grandes lesões à equipe.
Em paralelo, temos a história do cachorro de rua (interpretado por Ukai) tentando sobreviver, até que cruza com os competidores, gerando pouco a pouco uma estrutura de afeto com os membros da equipe, a ponto de mudar parte de sua rotina.
As cenas mostram o quão bem foi treinado o animal para o papel e trabalho seu visual, a fim de manter a coerência de um cachorro que vive mata. Seu relacionamento com cada esportista é bem explorado, e ele ganha o nome Arthur em homenagem ao rei lendário (remetendo ao título original do filme). Além das sequências de superação de obstáculos ficarem ainda mais impactantes com o mascote na equipe.
Destaco ainda que o filme consegue escapar de um problema nas obras esportivas hollywoodianas: a demonização dos adversários. Aqui não existem inimigos, mas sim rivais, são todos competidores querendo superar a si mesmos, é o humano verso o selvagem.
Arthur, sendo justamente um animal doméstico tentando sobreviver na selva devido ao descaso das pessoas, vira um intermediário nesse embate de forças e ponto de reflexão, sem perdermos o clima de aventura.
Quem gosta de animais com certeza vai chorar litros com “Uma Prova de Coragem”, positivamente dizendo. Uma ótima obra – se você procura aventura, esporte, cinebiografia ou só uma história de cachorro fofo.
por Luiz Cecanecchia – especial para CFNotícias
*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Diamond Films.