Crítica: Tromba Trem – O Filme


Talvez uma das características mais incríveis do gênero animação seja sua capacidade de se moldar das mais diferentes formas, a fim de conquistar diversos públicos. E é ótimo quando isso acontece com naturalidade e eficiência, para atender a demandas de espectadores distintos, através da mesma produção.

Dirigido por Zé Brandão (criador da obra na qual se baseia, que também assina o roteiro junto a Débora Guimarães, Lucas Pelegrineti e Pedro M. Vieira), “Tromba Trem – O Filme” é a adaptação cinematográfica da bem-sucedida série animada que estrou na televisão em 2010.

Depois de 52 episódios curtos para as telinhas, chegou a hora de rever e descobrir alguns fatos importantes que ajudaram a contar a história de figuras tão cativantes.

Mas, não significa que apenas os espectadores prévios aproveitarão o longa: é totalmente possível entender e se inteirar do que acontece com cada personagem em cena – sejam os já conhecidos do público ou os criados com exclusividade para a nova empreitada.

Assim como na série original, a trama se passa na América Latina e tem como protagonista Gajah (voz de Roberto Rodrigues) – um elefante indiano que perdeu a memória, após cair de um misterioso dirigível. A seu lado, estão a adorável tamanduá vegetariana, Duda (voz Maíra Kestenberg), e a colônia de insetos comandada pela Rainha Cupim (voz de Elisa Lucinda).

O mote é a incessante perseguição ao citado dirigível, pelo fato de a Rainha acreditar tratar-se de uma nave espacial que a levará e a seus discípulos, para o que seria o seu planeta natal. A tentativa de aproximação (repetidamente frustrada) se dá com a ajuda de uma locomotiva a vapor, que serve de transporte e moradia para os animais.

Se a premissa parece simples (e, de fato, é), para dar conta de atrair e manter a atenção da plateia por 94 minutos – sem parecer apenas um episódio de maior duração – a obra acrescenta à narrativa a fama repentina alcançada por Gajah, após um vídeo viralizar na Internet, no qual aparece fazendo o que será nomeado de “O Passinho do Elefante” (basicamente uma versão genérica, como tantas que, sem motivo lógico, fazem sucesso em plataformas digitais na atualidade).

Tal êxito inesperado traz consigo a aparição da jaguatirica agente de celebridades Mirella Miramontes (voz de Marisa Orth) e de seu fiel escudeiro, o gorila Silas (voz de Caíto Mainier), que serão os responsáveis pela inserção do elefante no mundo dos influenciadores (que nem sempre têm algo de qualidade a oferecer). Mas, é claro que há mais do que parece por trás dos bastidores…

Em paralelo a isso, não seria uma aventura de Tromba Trem se não houvesse espaço para a caçada ao dirigível – fato que ganha ainda mais importância, quando animais começam a ser sequestrados, e surge uma acusação contra o nome do astro do momento, Gajah. O que acontece dentro do veículo e a motivação para isso são os elementos mais surpreendentes da produção.

Assim como “Meu Amigãozão – O Filme” – outra animação nacional que ganhou as telonas em 2022 – “Tromba Trem – O Filme” conquista pela simplicidade de seus traços e pela imediata empatia que desenvolvemos pelos personagens, que logo coloca um sorriso em nossos rostos. Aliada a isso, ainda há a trilha sonora, com composições inéditas e cujas letras acessíveis de algumas faixas têm tudo para serem lembradas após o término da exibição (afinal, “Esse elefante é o salvador!”).

Vale embarcar nessa jornada nos cinemas!

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no site A Toupeira.