Crítica: Todo Tempo que Temos
Vendido em cima da suposta química absurda entre os protagonistas Andrew Garfield e Florence Pugh, “Todo Tempo que Temos” (We Live in Time) é uma obra que extrai atuações excepcionais de seu elenco.
Porém, mesmo contando com esse trabalho magistral do par principal, ainda sim não é possível ignorar a previsibilidade do roteiro, assim como o comportamento irreal dos personagens.
Dirigida por John Crowley, a trama segue Almut (Florence Pugh) – uma talentosa e extremamente competitiva chef de cozinha – e Tobias (Garfield), um homem recém-divorciado, ainda enfrentando as mazelas psicológicas que seu término deixou. Eles se conhecem de maneira inusitada, com Almut atropelando Tobias, e após esse evento tragicômico, vão aos poucos se apaixonando.
O longa busca contar a história de forma não linear, dividindo suas cenas em três períodos de tempos diferentes: quando os protagonistas começam a se conhecer; nos eventos relacionados ao nascimento de sua filha, e no momento que Almut descobre um câncer, próximo a uma competição internacional de culinária que tem interesse em participar.
Se tem algo sobre o qual não é possível tecer qualquer tipo de crítica é em relação à atuação, tanto de Andrew Garfield, quanto de Florence Pugh, que estão impecáveis em seus papéis, dosando entre a dramaticidade e a complexidade que o roteiro do filme propõe que a dupla enfrente.
Contudo, o roteiro de Nick Payne é extremante previsível, apresentando todos os clichês que os filmes do gênero geralmente contêm, com o agravante de que, em muitos momentos, os personagens tomam atitudes irresponsáveis e inconcebíveis, o que acaba nos desconectando deles, tirando o peso que o drama da história tenta construir.
A fotografia de Stuart Bentley é belíssima, como poucas apresentadas em romances dramáticos, realçando ainda mais os sentimentos que a narrativa visa induzir em seu público. A trilha sonora também é bem competente, com músicas que transitam entre pop e o folk, para ambientar um casal moderno em meio a uma Inglaterra contemporânea.
Em linhas gerais, podemos assumir que “Todo Tempo que Temos” é um filme tecnicamente eficiente. Não revoluciona o gênero, porém pode ser interessante para curtir um drama e derramar algumas lágrimas com a situação triste que envolve os protagonistas.
por Marcel Melinsk – especial para CFNotícias
*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Imagem Filmes.