Crítica – The Moon: Sobrevivente


“The Moon: Sobrevivente” (Deo Mun / The Moon) é uma produção de ficção-científica da Coreia do Sul. Neste caso, pode-se dizer “ficção” aplicando o conceito ao gênero cinematográfico, mas, também, ao que em psicologia se poderia denominar “aspiração de desejos” – porque o narrado no filme nunca aconteceu na história da conquista espacial.

Até agora, só astronautas da agência NASA, dos Estados Unidos da América, pisaram o solo lunar. E, no longa, relata-se a futura chegada de uma nave sul coreana à Lua e o descenso de um dos tripulantes ao satélite da Terra. Tudo isso daria ao país oriental o valor de ser o segundo que colocou um homem lá.

Essa suposta futura viagem está relatada em forma pormenorizada nesta obra, com constantes referências a um acidente mortal acontecido cinco anos antes com outra nave dessa origem. Há um vínculo estreito entre um dos envolvidos naquele fato infeliz e este outro.

Em ambas as ocasiões, são três os integrantes: na primeira, falecem todos por uma explosão; na segunda, por causas diferentes, dois. Só sobra um: Hwang Seon-woo (representado por Do Kyung-soo). É um jovem que, embora bem treinado (2.800 horas no total), não tem a experiência militar dos falecidos. A central da operação que, obviamente, fica na Terra, deve acompanhar e orientar as operações, que mudaram drasticamente suas características.

O seguinte problema é uma tormenta solar que, de forma inesperada, atinge a Lua e, especificamente, a nave. Surge também a impossibilidade de comunicação com a Terra. Sucedem-se os defeitos dos sistemas técnicos, dos quais depende toda a logística. Inúmeros detalhes tecnológicos aparecem.

Justamente, neste último aspecto é onde a trama se fortalece. “The Moon: Sobrevivente” traz uma absoluta implantação de tecnologia, não só no que tem a ver com as naves espaciais mas com a própria utilizada para fazer o filme. Por isso, estamos falando de uma produção de alto custo.

Em outro sentido, resultam chamativos alguns aspectos ideológicos: mencionam-se diferenças políticas entre os Estados Unidos da América e a Coreia do Sul. Isso seria compreensível, caso  se falasse da Coreia do Norte. Também o fato de serem os Estados Unidos quem consegue dar uma força decisiva em toda essa aventura. Ora, com a intervenção de uma coreana que trabalha como funcionária de alto nível na NASA (papel desempenhado por Laura Fitch Yang).

Aquela sucessão de dificuldades que já mencionamos poderia ser entendida como parte habitual de uma obra de ação. E é. Mas um erro nesta realização é que, cada vitória passa a ser celebrada com euforia na Central até cansar (o espectador), resultar reiterativa, exagerada.

Os heróis no cinema podem e devem superar séries de obstáculos, porém não são aplaudidos dentro a cada avanço. E resulta evidente que esses momentos foram filmados em modo consecutivo para depois, na edição, serem distribuídos em modo alternado. O próprio com os fracassos. Isso contribui ao alastrar-se o relato, abrangendo uma duração de duas horas e nove minutos. Não tem caráter necessariamente negativo tal fato, mas sim, se não está devidamente justificado.

Há longas obras excelentes, de diferentes épocas e origens, inclusive sul-coreanas, com maior consistência narrativa, sem recorrer à repetição insubstancial, celebrada ruidosamente no próprio longa.

Tudo o anterior pode evidenciar que, sob o roteiro e a direção de Kim Yong-hwa (que também escreve o roteiro), “The Moon: Sobrevivente” possui tanto elementos positivos (a presença de sofisticada tecnologia), quanto outros não tão valorosos assim.

por Tomás Allen – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Sato Company.