Crítica: Suspíria – A Dança do Medo
Depois do grande sucesso de “Me chame pelo seu nome” (2017), Luca Guadagdino encarou do desafio de fazer um remake de “Suspíria”, de 1977, dirigido por Dario Argento, um dos mestres do gênero italiano Giallo, gênero cheio de suspense, mistério e temas macabros, famoso nas décadas de 1960 e 1980.
O remake, questionado por muitos durante a produção, foi uma escolha arriscada, assim como a escolha do formato do filme: seis atos e um prólogo estendidos em cento e cinquenta e dois minutos de duração. Visualmente deslumbrante, o longa é o tipo de filme que se pode amar ou odiar. Ambientado em Berlim no ano de 1977, mesmo ano de lançamento do filme original, apresenta uma irmandade de bruxas que vive por trás de uma conceituada academia de dança.
Ao contrário da obra de Argento que guarda tal fato como mistério, o novo “Suspíria – A Dança do Medo” é claro desde o início sobre a bruxaria, o que resulta em cenas tanto perturbadoras e hipnotizantes, quanto belas e impressionantes. Bons exemplos são as sequências do castigo de uma dançarina ao mesmo tempo em que com uma cena de dança é apresentada e as cenas dos sonhos.
Acompanhamos na trama a americana Susie (Dakota Johnson) ser aceita e avançar rapidamente na academia de dança comandada pela misteriosa e austera madame Blanc, interpretada por Tilda Swinton que consegue passar, pela sua caracterização e interpretação, uma estranheza adequada à trama.
Paralelamente, acompanhamos a investigação de um velho terapeuta (também vivido por Tilda) sobre o desaparecimento de sua cliente Patrícia (Chloe Grace Moretz), dançarina da misteriosa academia.
Com escolhas de cores, movimentos de câmera e trilha sonora para ressaltar a surrealidade da trama – e homenagear o longa original – “Suspíria – A Dança do Medo” percorre caminhos próprios ao desenvolver um roteiro diferente.
Apesar de talvez mais longo do que seria necessário – um teste à paciência de espectadores desprevenidos – o filme de Guadagdino acrescenta camadas interessantes à obra de Argento sem recorrer a uma cópia direta, mas a uma interpretação ousada e autoral que pode não agradar a todos que assistirem, mas certamente terá sua própria horda de fãs.
por Isabella Mendes – especial para CFNotícias