Crítica: Playmobil – O Filme


A linha de brinquedos Playmobil, criada na década de 1970, é uma das mais antigas ainda a serem produzidas continuamente no mundo. Uma das poucas a superar sua idade é ninguém menos que a rival, LEGO, criada em 1949.

A história de Playmobil começa em 1974, quando a empresa Geobra Brandstätter se vê afetada pela crise do petróleo do período, e com os preços em alta, volta sua atenção para formas que usem menos plástico para produzir seus brinquedos. Desta forma, Hans Beck, que trabalhava no desenvolvimento de brinquedos nesta, é incumbido de criar novos brinquedos adaptados a esta realidade da empresa, e acaba por criar os bonecos Playmobil.

Porém, ainda que viesse a se tornar um símbolo cultural, e tivesse sua influência espalhada em videogames e animações, Playmobil nunca teve um filme que adaptasse os brinquedos para a tela dos cinemas. Até hoje.

Com direção de estreia de Lino DiSalvo, “Playmobil – O Filme” chega às telas brasileiras essa quinta-feira. A trama segue as aventuras de Marla Brenner (Anya Taylor-Joy), enquanto tenta resgatar seu irmão Charlie (Gabriel Bateman), ao serem jogados no mundo de Playmobil, após uma intervenção mágica.

Para isso ela contará com a ajuda de Del (Jim Gaffigan), um motorista de food truck afundado em dívidas com elementos duvidosos da sociedade, Robotitron – um robô explorado por seus patrões (dublado pelo próprio DiSalvo) e Rex Dasher (Daniel Radcliffe), um agente secreto na mesma pegada de James Bond.

Uma das maiores qualidades do longa está em sua animação. Ainda que não tente simular uma sensação de quadro a quadro, como seu maior rival “LEGO: O Filme”, ainda assim explora a beleza e a fluidez, demonstrando a qualidade técnica do diretor em seu conhecimento do mundo da animação 3d.

Além disso, as escolhas das tomadas sabem trabalhar a ideia do diretor, e logo mostram suas influências: como existe uma variedade considerável de cenários na linha de brinquedos, o filme usa isso como uma forma de explorar diferentes gêneros cinematográficos: como exemplo, ao passar por uma cidade do “velho oeste”, a obra assume um tom de “western”, o mesmo quando o filme mostra o imperador Maximus e sua arena, e claramente se vê a homenagem ao filme “Gladiador”.

A escolha de cada cenário, no entanto, não é feita apenas pelo fato de cada um desses ter uma potencialidade em explorar diferentes gêneros cinematográficos, mas por poderem se encaixar no crescimento dos personagens, representando símbolos dos momentos do que a trama representa para estes.

A produção se mantém o tempo todo em sua zona segura, não assumindo riscos em sua temática e trama. Isso é ao mesmo tempo uma qualidade, pois se mantém sincera à sua proposta de ser uma opção familiar e infantil, mas ao mesmo tempo acaba não sendo algo mais que isto.

Ainda que seja mais focado no público infantil e não em um público mais geral, “Playmobil – O Filme” é divertido e deverá entreter tanto os fãs prévios da linha de brinquedos quanto à nova geração de espectadores que for conferir nos cinemas.

por Ícaro Marques – especial para CFNotícias