Crítica: O Ritual – Presença Maligna


Cidade de Borley (interior da Inglaterra), década de 1930. Esse é o cenário no qual se passa a trama de “O Ritual – Presença Maligna” (The Banishing), terror dirigido por Christopher Smith que chega aos cinemas brasileiros.

Em tela, conhecemos o reverendo Linus Forster (John Heffernan), que, após o convite do Bispo Malachi (John Lynch) muda-se para Morley Hall, uma casa mantida pela Igreja Anglicana da região, com ambientes tão amplos quanto assustadores e que esconde diversos segredos do passado – envolvendo tanto os inquilinos anteriores, Beatrice e Stanley Hall, que lá viveram há três anos, quanto as figuras ligadas ao terreno em que a edificação foi erguida.

Juntam-se ao protagonista, sua esposa Marianne (Jessica Brown Findlay) e Adelaide (Anya McKenna –Bruce) – fruto de uma relação anterior da jovem e que se tornará uma espécie de catalisadora do mal que existe no lugar.

Cada um reagindo à sua maneira, o trio começa a perceber que há algo de errado com a casa, quando crescentes barulhos e alucinações tomam conta do cotidiano dos personagens. Mas, enquanto Marianne toma à frente para saber o que há por trás do mistério, a fim de proteger sua filha, Linus apega-se a uma fé cega que o impede de trilhar qualquer caminho que não seja o estritamente imposto pela religião.

Na tentativa de impedir que algo mais grave aconteça a esta família, surge o enigmático Harry Reed (Sean Harris) que mostra ter conhecimentos que podem abalar as estruturas dos que exercem poder em um mundo que vive os horrores da Segunda Guerra Mundial. Mas, seu ímpeto solitário pode não ser o bastante para fazer frente ao mal que assola a mansão e seus moradores.

O maior trunfo da obra (que tem no bom uso do silêncio, em substituição a trilhas sonoras que não conseguem impressionar, outro ponto positivo) se dá nas sequências em que recorre a flashbacks para explicar determinados pontos fundamentais.

São essas cenas que fazem o melhor uso de luz e sombras e que geram maior interesse no espectador, que pode ficar confuso ou até mesmo cansado por causa de passagens que não alcançam o tom esperado para um título que se vende como terror (em especial no que diz respeito a cortes bruscos e desnecessários).

Quando avaliados separadamente, os principais elementos do filme parecem muito mais impactantes do que quando observados juntos. Talvez a opção dos roteiristas David Beton, Ray Bogdanovich e Dean Lines por incluir muitos itens que nem sempre parecem conectar-se da maneira certa, acabe pendendo mais para o lado do equívoco do que do êxito.

Em dado momento da produção, surge o seguinte questionamento: “Quando a escuridão vem, toda luz se vai, e tudo que você pode sentir é o seu próprio medo, você vai se lembrar de quem é?”. E essa parece ser uma boa reflexão, nos final das contas.

por Angela Debellis

*Texto originalmente publicado no Site A Toupeira.