Crítica: Nefarious
“Nefarious” (Nefarious) é um terror psicológico, que tem uma premissa simples, mas com uma execução interessante. Dirigido por Chuck Konzelman e Cary Solomon, aproxima-se mais de um suspense macabro do que um terror propriamente dito, pois se afasta dos títulos comuns de possessão demoníaca que, em geral, contam com muita ação e sangue em tela.
A trama tem início com o psiquiatra Doutor James Ansel Martin (Jordan Belfi) convocado para determinar se Edward Wayne Brady (Sean Patrick Flanery), prisioneiro condenado à morte por ter cometido onze assassinatos, está realmente louco ou se está fingindo estar possuído por um demônio chamado Nefarius. O maior foco é o diálogo entre os personagens.
O longa tem uma abordagem minimalista e se sai bem nela, pois, a premissa é interessante e os diálogos são bem construídos – ainda que no decorrer da história, eles se tornem um pouco cansativos, e apresentem algumas falhas narrativas.
Sean Patrick Flonery apresenta uma boa atuação, e consegue convencer como uma pessoa possuída por uma entidade maligna, deixando claros os momentos em que está ou não sendo possuído pelo demônio.
A produção também é interessante pela forma diferente que aborda a possessão, que é trabalhada de uma forma mais contida, sem grandes transformações físicas ou pessoas e objetos sendo jogados para todos os lados. Nefarious tenta provar ao psiquiatra que é um demônio – vários, aliás – e mostra como o mal tem se infiltrado aos poucos na humanidade, crescendo diante da inércia dos homens e do avanço da modernidade.
Há uma boa crítica à sociedade, mas vale ressaltar que o filme é produzido por uma produtora cristã, o que faz com que a narrativa por vezes pareça muito enviesada, de acordo com premissas cristãs mais conservadoras. Talvez não agrade alguns por, às vezes, parecer muito moralista e mais focado em provar um ponto religioso, do que a apresentar um roteiro coeso.
Caso fosse mais equilibrado em seu roteiro, dosando um pouco mais o discurso religioso, ele certamente seria mais relevante para o grande público, pois, pode ser cansativo em alguns momentos, devido ao discurso monotemático do demônio ao listar o que é ou não sua criação, o que é certo e o que não é.
Considerando que foi feito por uma pequena produtora, “Nefarious” tem sacadas inteligentes para driblar o baixo orçamento, e aproveita de forma perspicaz o diálogo entre os personagens principais. O filme a um roteiro tendencioso, com algumas contradições e incongruências ao longo da trama, mas não se pode negar que tem uma abordagem intrigante do tema da possessão demoníaca.
por Isabella Mendes – especial para CFNotícias
*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela A2 Filmes.