Crítica: Medo de Amar


“Medo de Amar” (Philophobia) é uma mistura de drama, romance e comédia que já recebeu diversos prêmios internacionais. A trama, dirigida e roteirizada por Guy Davies, é protagonizada por Kai, um jovem aspirante a escritor que nasceu e cresceu em uma pequena cidade do interior da Inglaterra e que se encontra na semana final do colégio, mas algo muda drasticamente o destino e planos tanto dele, quanto de seus dois melhores amigos.

O filme aborda a clássica transição entre adolescência e fase adulta, momento costumeiramente recheado de sentimentos de ansiedade e esperança sobre o futuro e cheio de dúvidas. Apesar de não acrescentar muito à fórmula antiga de narrativas de adolescentes em fase de amadurecimento, as performances dos atores faz com que o longa tenha alguns pontos positivos.

A tradução do título, diferente do original, acerta ao nos preparar sobre a trama: mais do que o medo de se apaixonar a produção aborda a dor e os problemas do processo de amadurecer, mas infelizmente não é muito eficaz em passar uma mensagem que o destaque entre tantos semelhantes.

A história mostra uma relação interessante entre Kai e seus dois amigos, Sammy e Megsy, com suas conversas sobre o futuro que os aguarda, suas insatisfações e seus medos, mas peca em não dar uma profundidade maior aos personagens, o que também acontece com o interesse amoroso de Kai, Grace.

O jovem Kai se vê em um conflito interno entre sair de sua pequena cidade para correr atrás do sonho de ser um grande escritor e o medo de enfrentar o desconhecido. Outro ponto que o prende à cidade é Grace, sua colega de escola e vizinha, por quem é secretamente apaixonado.

Grace é a clássica (ainda que já um tanto ultrapassada) personagem linda, rebelde e autodestrutiva, a qual o protagonista precisa socorrer. Além de inacessível por namorar o valentão do colégio, ela representa o afastamento do sonho de Kai, que tem que decidir entre ficar onde mora e tentar conquistar a jovem – mesmo que sem nenhuma perspectiva de futuro profissional -, ou ir em busca de seu sonho fora da cidade.

Por mais que a química entre os atores seja interessante, e as atuações de Joshua Glanister e Kim Spearman sejam boas, Grace é apresentada apenas em função de Kai, sem nenhum aprofundamento, tornando fraca a interação entre os dois como um romance que deveria ser um dos pontos centrais da trama. O longa tinha um grande potencial, não fosse a superficialidade com a qual os personagens são retratados.

A fotografia é muito bonita, com belas filmagens ao entardecer na pequena cidade de ares campestres, que imprime com sucesso um sentimento misto de esperança e melancolia próprios da juventude. Mais do que um filme sobre paixão romântica, que infelizmente não é tão bem trabalhada quanto poderia ser, o drama romântico aborda de forma interessante o amor entre amigos e o papel que a amizade tem em nossas vidas.

“Medo de Amar” está disponível no Cinema Virtual e pode ser uma boa pedida para os fãs de longas focados em adolescentes e jovens adultos em fase de amadurecimento, com todos os seus dilemas e atribulações, com os quais muitos de nós podem se identificar.

por Isabella Mendes – especial para CFNotícias

https://www.youtube.com/watch?v=FGmpjx34I2g&feature=youtu.be

*Título assistido via streaming, a convite da Elite Filmes.