Crítica: Crime Sem Saída


“Crime Sem Saída” (21 Bridges) é a mais nova produção dos irmãos Russo, famosos por seu trabalho nos filmes do Universo Marvel. Também marca a estreia do diretor irlandês Brian Kirk nas telas do cinema, cuja direção televisiva inclui episódios de séries de peso como “Game of Thrones” e “The Tudor”. Além disso, o filme conta com um elenco de peso, como Chadwick Boseman, J. K. Simmons e Sienna Miller.

A trama segue o detetive Andre Davis (Boseman), enquanto este investiga um massacre de policiais, ligado a um considerável roubo de drogas. Seu tempo, no entanto, é limitado, pois para o FBI não interferir no caso e seus criminosos não escaparem, Manhattan é colocada em isolamento, e todas as suas 21 pontes – daí o título em inglês – são bloqueadas, além dos túneis e outras formas de acesso, e isso só durará até o começo da manhã. Por sua vez, quanto mais ele se aprofunda no caso, mais detalhes não fecham, e ele se vê envolvido em uma conspiração que envolve toda a 85ª delegacia de polícia de Nova York.

Para um título de estreia, “Crime Sem Saída” é uma demonstração interessante do diretor Brian Kirk. A escolha das tomadas panorâmicas, muito bem posicionadas, ajuda a não somente montar a ambientação física, mas também o clima que a trama tomará. As cenas de perseguição são intensas e um dos pontos altos, algo importante para títulos policiais que exploram esse tipo de ação.

O trabalho dos atores não fica atrás. Chadwick Boseman, ainda que não em seu melhor papel – este mérito ainda pertence à sua atuação em “Pantera Negra” –, traz à tona um Andre Davis endurecido por uma carreira intensa e o trauma da perda do pai. J. K. Simmons, também dá uma intensidade única a seu personagem. Sienna Miller faz bem seu trabalho e mostra a intensidade de uma policial e mãe que precisa se manter viva pela filha.

Porém, apesar de todas as qualidades, falta algo na obra. Um dos primeiros problemas é que embora tenha algumas tomadas boas, na maioria das cenas, a fotografia é bem genérica. A trama, ainda que bem conduzida, é previsível e não é difícil descobrir quais são os envolvidos no mistério central. Desta forma, o suspense acaba ficando só por conta de como se dará o desdobrar da história.

É necessário coragem, no entanto, para abordar um tema crucial como corrupção na polícia. Outra coisa interessante é a forma como o filme aponta as raízes sociais do crime, tomando um ponto de vista de certa maneira, estrutural.

“Crime Sem Saída” podia “ser mais”, pelo peso do elenco, dos temas abordados e até mesmo dos produtores. Ainda assim, é intenso, com cenas interessantes de perseguição e uma trama, que mesmo previsível, é válida.

por Ícaro Marques – especial para CFNotícias