Trabalho em desenvolvimento? Cinema contemporâneo? É difícil elaborar um conceito para “Caiam as rosas brancas!” (¡Caigan las Rosas Blancas!), é um filme que causa várias sensações, e divide nosso entendimento, jogando-o para várias direções. Um roteiro não linear, em construção, inacabado.
Uma colagem despudorada, ou simplesmente uma vontade de colocar tudo que se pensa, ou tudo que se quer expressar. Não dá para entender se gostamos ou não gostamos, não dá para amar, nem odiar. Tem algo que nos faz seguir assistindo. Seria curiosidade? É mais que isso, pois não nos causa cansaço ou aflição, mesmo com assuntos desinteressantes.
O que poderíamos dizer é que são estações, recortes. Vamos buscando sentido no que estamos vendo incessantemente a cada instante do filme, mas ele não dá o que queremos. Essas estações são histórias com as mesmas personagens, onde existe uma continuidade forçada, em uma história sem razão.
Um grupo de amigas “atrizes” pornôs argentinas, tentando gravar um filme pornô lésbico; Adversidades fazem com que a diretora masoquista (Carolina Alamino) abandone as filmagens. Acompanhada por algumas dessas mulheres, ela, embarca numa viagem rumo a não se sabe qual, e em busca de não se sabe o quê.
Passam por diversos perrengues, fantasias, medo e cansaço. Quando imaginam estarem derrotadas nesta viagem, mental e fisicamente, desembarcam curiosamente no Brasil. Reencontram uma produtora parceira (Renata Carvalho), que devido a um grande suposto sucesso feito por elas – que não dá para saber qual, pois é camuflado para público – as convida para filmar um documentário.
Entra-se numa outra fase do longa, não menos inusitada. Filmando imagens de São Paulo, começam a perseguir por locais icônicos, uma figura mitológica (Luisa Gavassa), que as conduz para um final surpreendente, ou ridículo, que nos traz à memória lembranças dos anos 1980 com “As sete vampiras” e o gosmento “A coisa”.
Com direção de Albertina Carri, “Caiam as Rosas Brancas!” é um experimento, que preferimos acreditar ser um deboche da diretora roteirista, pois assim, muda todo e qualquer ponto de vista.
por Carlos Marroco – especial para CFNotícias
*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela Boulevard Filmes.