Crítica: Batman
Chega aos cinemas uma nova versão do personagem icônico das histórias em quadrinhos que é cultuado por milhões de fãs em todo o mundo. “Batman” (The Batman) estreia com uma censura para 14 anos no Brasil.
Antes de qualquer coisa, é importante que eu deixe bem claro que não há como realizar comparações entre obras deste personagem, cada um é uma representação de uma época distinta de seu lançamento.
Ao todo, desde 1989, foram nove produções de Batman para o cinema – sem contar participações em outras obras – e, em minha opinião, de todos títulos já realizados, a trilogia do diretor Christopher Nolan (2005 – 2008 – 2012) ainda é a melhor representação do herói para a tela grande de todos os tempos.
Mas a pergunta que fica é: “Este novo filme do Batman é bom?”. A resposta é sim, pois o diretor Matt Reeves (também um dos roteiristas ao lado de Peter Craig) se esforçou em criar uma ambientação mais sombria de uma Gotham City decadente, como vemos em muitas histórias em quadrinhos.
Inclusive, posso relacionar o roteiro com um grande clássico das HQ’s chamado “O Longo Dia das Bruxas” (1996/1997), que possui sua versão em animação na HBO Max e merece que você assista (antes ou depois de conferir o novo longa), pois assim, poderá compreender melhor a trama.
Na visão de Reeves, vemos um Batman em início de carreira e um Bruce Wayne muito diferente, pois o Morcego precisa manter uma vida social mais ativa e que a sociedade acredite que Wayne é um playboy que só se importa com diversão e futilidades.
Esta é a verdadeira máscara do Batman, que despista a polícia e criminosos de uma interpretação de sua identidade secreta, mas o diretor o apresenta apenas um bilionário depressivo e carrancudo, que não se conecta nem mesmo com o fiel mordomo Alfred Pennyworth (Andy Serkis). Tal alteração vai totalmente contra a mitologia e história desenvolvida durante décadas para a concepção do personagem e este é um ponto negativo da obra.
Quando é um personagem inédito, que ninguém conhece ainda é válida qualquer inclusão para a formação de suas características. Mas, pegar uma narrativa que já é muito bem estruturada e alterar o contexto, acaba criando um paradoxo que vai de encontro com a própria personalidade do personagem.
Olhando como um título de ação e aventura, todos os elementos estão inseridos adequadamente e, Robert Pattinson como o protagonista, consegue alinhar a vida dupla de Batman / Wayne dentro do roteiro apresentado.
É importante também citar que Zoë Kravitz (Selyna Kyle / Mulher-Gato) e Colin Farrell (Oswald Cobblepot / Pinguim) estão impecáveis em seus papéis de anti-heróis e, em muitas cenas, são eles que dão o tom da ação.
Acredito que haverá uma divisão entre os fãs prévios, pois, como temos uma representação do personagem em início de carreria, há momentos em que o chamada “Maior Detetive do Mundo” não consegue enxergar as pistas que estão bem à sua frente, deixadas pelo vilão Edward Nashton / Charada (Paul Dano) – mesmo que já conte com a parceria de James Gordon (Jeffrey Wright).
E este ponto me deixou intrigado, pois não é citado em nenhum momento qual o treinamento que este Batman teve. Nos quadrinhos, o herói criado por Bob Kane estudou praticamente todas as artes de ataque e defesa e preparou sua mente para os mais complexos enigmas, além de possuir uma inteligência acima da média. É provável que o diretor tenha estes pontos a serem revelados em uma futura continuação, mas apenas o tempo e a bilheteria poderão confirmar esta suposição.
Para quem nunca viu um filme do Batman, a nova versão será divertida e intrigante. Para quem quiser conhecer o personagem, aconselho a pelo menos assistir à animação disponível na HBO Max, “Batman – Ano Um”, que conta o início da carreira do Morcego.
Agora é o momento de colocar sua máscara e seu cinto de utilidades com álcool em gel e ir ao cinema conferir esta nova visão sobre um dos maiores nomes da DC Comics.
por Clóvis Furlanetto – Editor Morcego
*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Warner Bros. Pictures.