Crítica: Babilônia

“Babilônia” (Babylon) é um filme que se propõe a ser muitas coisas ao mesmo tempo. Como uma grande homenagem ao cinema, pode ser classificado como um épico de comédia, drama e ficção histórica.

O longa é escrito e dirigido por Damien Chazelle, conhecido por “Whiplash: Em Busca da Perfeição”, e pelo musical “La La Land: Cantando Estações”. Conta com grandes estrelas, como Brad Pitt, Margot Robbie e Tobey Maguire, que também é produtor executivo da obra.

Na trama que se passa na Hollywood de 1920, acompanhamos três personagens principais: o sonhador e apaixonado por cinema, Manny (Diego Calva); a também sonhadora e nova estrela do cinema Nellie LaRoy (Margot Robbie); e o famoso e já experiente ator Jack Crawford (Brad Pitt).

Com esse trio, “Babilônia” consegue mostrar em cena a popularidade do cinema nos anos 1920, os conturbados bastidores, e também a evolução da sétima arte, com a transição dos filmes mudos para as produções com som.

Um personagem menor, mas que merece destaque é o saxofonista Sidney Palmer (Jovan Adepo) um talentoso músico negro, que deixa de trabalhar nas bandas de trilha sonora, para ser artista principal dos filmes de jazz, famosos na época.

A obra tem cenas que realmente são belas homenagens à história do cinema, e é interessante acompanhar a trajetória do personagem Manny, um simples empregado que sonhava em trabalhar nos bastidores, mas que acaba ganhando cada vez mais notoriedade na produção de filmes, e que se depara com grandes desafios para continuar trabalhando em Hollywood.

Também é válida a trajetória de Jack Crawford, um ator de renome do cinema mudo, mas que encontra dificuldades em continuar relevante na indústria com o surgimento do cinema falado, personagem que é visivelmente inspirado no famoso ator John Gilbert.

No entanto, ao querer mostrar toda a opulência, depravação e exageros dos artistas e produtores de cinema nos loucos anos de 1920, “Babilônia” se perde um pouco em suas próprias pretensões. Ao tentar retratar a grandiosidade da época e os excessos e escândalos dos artistas, cria cenas tão exageradas, que não fica claro se a intenção é ser cômico, dramático ou apenas chocar o espectador.

O figurino é outro item controverso. Acertado em muitas cenas, e nos personagens masculinos, deixa a desejar quando se trata das roupas femininas, que pouco ou nada remetem à década de 1920, o que torna a  imersão um pouco mais difícil. A maquiagem, cabelo e figurino de Margot Robbie, em muitas sequências,  poderia muito bem ser o de uma jovem dos anos 2020, deixando sua personagem deslocada no cenário de época.

No setor deslumbre, excessos e até mesmo devassidão,  a moda da referida década não deixa nada a desejar, e é uma pena não vê-la representada em  tela. Uma das únicas exceções, talvez, é o figurino de Lady Fay Zhu, personagem livremente baseado em Anna May Wong, a primeira atriz de ascendência asiática a se tornar uma grande estrela das telonas.

Por outro lado, “Babilônia” (cuja longa duração de 189 minutos poderia ser menor) tem belíssimos cenários e uma fotografia que consegue passar o maravilhamento que os filmes causavam na Era de Ouro de Hollywood, tanto nas telas quanto nos bastidores, e certamente é cativante para quem é apaixonado pela história do cinema.

por Isabella Mendes – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Paramount Pictures.