Crítica: Abigail


Desde os primórdios do cinema, os vampiros têm sido uma fonte constante de inspiração. Essa longa parceria entre as criaturas da noite e a sétima arte gerou uma diversidade de representações, tornando desafiante para os cineastas contemporâneos a criação de conceitos inovadores capazes de surpreender o público.

No entanto, “Abigail” (Abigail) chega como uma grata surpresa, apresentando um filme comprometido unicamente com a diversão, através de uma trama simples que ainda assim é capaz de surpreender o espectador.

Na história, acompanhamos um grupo desafortunado de criminosos contratados por um figurão, interpretado por Giancarlo Esposito, para sequestrar a filha de um dos homens mais poderosos do submundo.

A missão da equipe é observar a garota por 24 horas em um casarão abandonado que serve como cativeiro. Porém, os raptores passam a testemunhar situações estranhas e, um a um, começam a desaparecer. Logo, percebem que a bailarina de 12 anos, na verdade, é uma vampira e que os prisioneiros são eles mesmos.

Os diretores Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, conhecidos pelos capítulos mais recentes da franquia “Pânico”, demonstram sua competência com o gênero de terror em “Abigail”.

Referenciando uma série de gêneros e obras para construir sua trama, é inevitável notar a semelhança com o longa “Um Drink no Inferno” de Quentin Tarantino, pela mudança abrupta de rumo, no segundo ato da narrativa.

O elenco está afiado, trazendo destaque para Melissa Barrera, que interpreta a personagem Joey, e para a atriz mirim Alisha Weir, que dá vida à vilã e personagem título – alternando muito bem entre a doçura de uma criança assustada e a perversidade de uma vampira com séculos de idade.

Um dos pontos altos da produção é a extensa utilização de efeitos práticos, que tornam as cenas mais convincentes, apesar da fantasia envolvida. A ambientação na mansão, originalmente destinada a ser o cativeiro da vampira mirim, é muito competente, explorando tanto os amplos cômodos, quanto os corredores e passagens secretas.

“Abigail” não é um filme revolucionário que irá transformar a forma como o terror é encarado atualmente, como “A Bruxa” e “Hereditário” fizeram nos últimos anos. Mas, é um excelente exemplo de como é possível explorar os vampiros no cinema, sem subverter o gênero, bastando um pouco de criatividade e conhecimento para gerar um resultado divertido, engraçado e aterrorizante para os amantes do terror.

por Marcel Melinsk – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Universal Pictures.