Crítica: A Vingança de Cinderela


“… e foi aí que a Cinderela surtou!”

A maioria dos contos de fadas tem origens sombrias, seja por serem antigas histórias macabras populares adaptadas para o público infantil, seja pelos critérios diferentes de violência em obras para crianças serem muito mais amplos no passado, resultando em um potencial imenso para narrativas de terror.

“A Vingança de Cinderela” (Cinderella’s revenge) opta por fazer uma comédia de terror, trazendo algo bem similar ao original, mas onde a protagonista (Laura Staerck) é convencida pela Fada Madrinha (Natasha Henstridge) a se vingar mortalmente de sua falsa família.

O início do filme é um clipe bem agitado resumindo / satirizando o clássico e que mostra bem o clima que terá a obra, sendo a primeira parte, a trama que já conhecemos, mas transbordando de comédia com toque leve de terror.

Enquanto a segunda metade é uma narrativa inédita, mostrando pouco a pouco os atos de vingança de Cinderela: tanto seus conflitos internos sobre se tornar uma serial killer, quanto elaboradas cenas de perseguição para cada uma de suas vítimas. Isso sem perder os momentos de realizar piadas ocasionais.

Quem rouba a cena na questão de humor é a Fada Madrinha, com poderes e percepção temporal que lembram muito uma versão de baixo orçamento do gênio do Aladdin. Inclusive, os momentos de preparação dela para o baile são minha sequência favorita do filme.

Nesse ponto, temos duas curiosidades interessantes: primeiramente, a atriz já estrelou um clássico de terror no passado, o filme de invasão espacial “A Experiência”. Em segundo lugar, mesmo tramas de gênio já tiveram sua versão sombria com múltiplas continuações no cinema com a franquia” O Mestre dos Desejos”.

As limitações financeiras são bem evidentes nas roupas e na fotografia, mas a obra não se leva a sério e as abraça, focando-se em fazer um roteiro razoavelmente coeso que tira sarro de si mesmo. Algo acima da média para os títulos slashers.

Claro que inferior aos clássicos que definem o tema como “Sexta Feira 13 “e” A Hora do Pesadelo”, mas bem melhor que muitas sequências e spin-offs que estes tiveram. Além disso, são raras a boas assassinas nessas histórias, talvez a de maior destaque sendo a mãe do Jason de “Sexta Feira 13”.

Até mesmo a máscara assassina tem um significado interno mais profundo do que gerar uma aparência assustadora, possuindo uma explicação própria, ligada às tragédias da vida de Cinderela.

As cenas de perseguição são a cereja de bolo, com cada alvo tendo seu momento, seu ambiente e sua luta próprias, com pausa entre elas para sentirmos a tensão crescente no castelo e entre a Cinderela e sua Fada Madrinha.

Quanto aos comparativos que obviamente serão traçados entre “A Vingança de Cinderela” e “A Maldição de Cinderela”, aqui fica bem mais nítido o capricho de roteiro e o humor torna-se um diferencial marcante.

O filme é bem divertido para os admiradores de terror como um todo, especialmente para os fãs de slashers que estão em busca de algo para ver no cinema.

por Luiz Cecanecchia – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela A2 Filmes.