Com um título que lembra vários outros, “A Profecia do Mal” (no original, The Devil Conspiracy, um título melhor) não se decide por qual filme de terror quer ser.
A história começa com o Arcanjo Miguel aprisionando Lúcifer no Inferno, milhares de anos atrás, em cenas que são bem feitas e com um design de Arcanjo diferente e interessante. Seria melhor se o longa tivesse continuado com esse clima de batalha épica religiosa, mas ele muda drasticamente quando a narrativa passa para os dias atuais. A partir daí a trama se divide entre dois personagens principais, a primeira sendo Laura (Alice Orr-Ewing).
A pesquisadora estuda a religião católica e tem a teoria que muito da teologia cristã seria apenas metafórico, e não real. Tudo muda com sua visita ao Vaticano, durante uma exposição do Santo Sudário. Nessa visita, a personagem, que é amiga de Padre Marconi (Joe Doyle), consegue uma autorização especial para entrar no museu e fazer um estudo de uma escultura que retrata o Arcanjo Miguel derrotando Lúcifer.
No momento em que está desenhando a obra, ela se depara com uma mulher sinistra que rouba o artefato sagrado e mata o Padre Marconi. Não contente, a mulher sequestra Laura e a leva para uma clínica misteriosa. O local pertence a uma rica e poderosa empresa de biotecnologia que criou uma forma de clonar personalidades famosas e históricas e retirar DNA de objetos como o Santo Sudário.
O outro protagonista é o Arcanjo Miguel (Peter Mensah) que aparece quando o Padre Marconi, morrendo, faz uma oração, pedindo que ele recupere o artefato roubado. A partir daí, o Arcanjo possui o corpo do Padre, e em sua busca para rever o Santo Sudário, seu caminho cruza com o de Laura e o de uma grande conspiração que visa trazer Lúcifer e seus demônios para a Terra.
O filme, que tem como cerne o terror baseado na religião católica, se perde um pouco nas diversas narrativas que escolhe colocar em cena, sem conseguir desenvolver nenhuma delas em todo o seu potencial. Parecendo se inspirar nas aventuras de Robert Langdon (de “O Código Da Vinci”), infelizmente não alcança seu objetivo, ao não encontrar um equilíbrio adequado entre a aventura, o suspense e o terror.
A produção da República Tcheca, dirigido por Nathan Frankowski tem uma boa qualidade técnica, que não deixa a dever para os títulos de terror de Hollywood. As atuações não são ruins, mas infelizmente o roteiro, escrito por Ed Alan, não consegue dar a seriedade necessária nem um bom material para os atores trabalharem.
“A Profecia do Mal” tem argumentos interessantes, e talvez rendesse uma boa série, com o tempo necessário para aprofundar as diversas narrativas. Mesmo com seus poréns, ainda pode render uma diversão descompromissada aos fãs de terror religioso, por suas premissas diferentes: o primeiro trecho vale a pena ser visto pela sua forma diferente de retratar os Arcanjos, que foge de uma representação já batida nesse tipo de obra.
por Isabella Mendes – especial para CFNotícias
*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Imagem Filmes.