Crítica: A Médium


“A Médium” (The Medium) é um longa tailandês que mistura terror com tradições religiosas tailandesas, em um filme curioso, mas que pode talvez não agradar todo o público do terror.

Tem uma boa premissa interessante, porém, pode causar certo estranhamento para quem não é acostumado com terror asiático e com a cultura tailandesa, e desconforto em quem não gosta de filmes mais sangrentos. A produção simula um documentário, com uma equipe de filmagem, sempre por trás das câmeras, com a intenção de fazer uma obra sobre os médiuns tailandeses. Nim.

Na trama, Nim (Sawanee Utoomma) é uma importante médium que mora ao norte da Tailândia e que percebe comportamentos cada vez mais sinistros de sua sobrinha Mink (Narya Gulmongkolpech), indicando que talvez ela esteja sendo possuída por alguma entidade.

Acompanhamos então Nim investigando o que estaria acontecendo com a jovem e fazendo o possível para resolver a situação, mas o desenrolar dos acontecimentos revela algo muito pior do que ela poderia imaginar.

Depois da morte do cunhado, marido da irmã que deveria ter se tornado médium no lugar da protagonista quando jovem, somos apresentados a Mink, a sobrinha que vai demonstrando comportamentos cada vez mais estranhos, despertando a preocupação de sua tia, que de início se pergunta a garota não estaria se tornando uma médium como ela também.

O filme pode ser dividido em três partes principais. A primeira seria acompanhando a preocupação de Nin com a sobrinha, e o dia a dia de Mink, que poderia ser a próxima médium da linhagem familiar, algo que Mink parece não acreditar, mas que gera um bom motivo para as gravações em volta dela.

Esse início é lento, mas vai construindo uma boa tensão sobre o que estaria realmente acontecendo com Mink, já que ela vai demonstrando, aos poucos, comportamentos que cada vez mais se distanciam da possibilidade dela estar se tornando uma médium como a tia.

A segunda parte ganha um ritmo mais rápido e confirma que o que possui a jovem é algo muito mais maligno do que o esperado. O terror propriamente dito aumenta, junto com o mistério do que estaria por trás da possessão maligna.

Já a reta final do longa, deixa a tensão psicológica de lado para investir claramente no gore, colocando na tela altas doses de sangue e violência, conforme a situação vai fugindo do controle dos personagens e ganhando dimensões inesperadas e muito piores do que os envolvidos na trama poderiam prever.

Há uma mistura de tensão e suspense ao gore que pode pegar alguns espectadores desprevenidos. Algumas cenas são mais perturbadoras, o que pode ser um prato cheio para alguns fãs de terror, mas desagradáveis para outros mais sensíveis.

Dirigido por Banjong Pisanthanakun, “A Médium” ganha um ritmo estranho em seu desfecho, que foge do padrão ocidental, e parece acelerado demais. Algumas coisas não ficam totalmente claras, mas geram possíveis ganchos para futuras continuações. A fotografia é bonita, utilizando bem os cenários tailandeses, distante dos clássicos filtros azuis, cenas noturnas e apenas lugares fechados usados na maioria dos filmes de terror.

Boa parte se passa durante o dia, seja nas pequenas casas e cidades dos personagens, ou nas florestas da Tailândia, o que pode agradar quem quer assistir algo diferente do usual hollywoodiano. A dublagem (exceção à da personagem Nim, que tem bom desempenho) pode atrapalhar um pouco a imersão dos mais exigentes.

Uma boa escolha para quem busca um título diferente de terror.

por Isabella Mendes – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela Paris Filmes.