Crítica: A Maldição da Chorona
Lendas urbanas sempre são atraentes aos olhos de diretores de cinema, principalmente, os do gênero de terror. A mais nova criação de Michael Chaves “A Maldição da Chorona” (The Curse of la Llorona) se passa nos Estados Unidos e relata a história de Anna, uma assistente social fragilizada pela morte recente do marido, interpretada por Linda Cardellini. Anna tem dois filhos, ainda pequenos.
A protagonista tenta ajudar Patrícia (Patrícia Velásquez), que inicialmente parece desequilibrada, e dá indícios de que comete abusos contra seus filhos. Porém, o que Anna considera ajuda não é bem o que Patrícia deseja, a mulher não quer ser separada de seus filhos, alegando que está protegendo as crianças. Contudo, os esforços da mãe transtornada são em vão.
Como é de se prever os garotos são resgatados, e na primeira noite no abrigo as coisas saem do controle, a Chorona consegue levar as crianças de Patrícia. A mãe então, culpa Anna pela tragédia que afetou sua família.
Até este ponto da história, Anna não associa os acontecimentos a nada sobrenatural, aliás ela é cética. Entretanto, é a partir desta noite que os filhos dela passam a ser caçados pela Chorona.
“La Llorona” ou A Chorona, é um dos contos folclóricos mais famosos no México, e possui diversas variações mundo a fora. A lenda se resume a uma mulher que chora por seus filhos, porém ela mesma os assassinou em um ataque de fúria – após ser deixada pelo amor de sua vida e pai das crianças – e quando recobrou a consciência se matou. Agora ela vaga à procura de crianças para substituir as suas.
Apesar da pouca experiência, Michael Chaves se mostrou muito capaz de trabalhar em uma grande produção. O filme tem uma ótima fotografia, os cenários são bem produzidos, os cortes são precisos, os atores bem selecionados. É muito interessante observar que apesar da ambientação ocorrer nos Estados Unidos, a cultura mexicana é explorada de maneira concisa e assertiva.
A atuação do pequeno Roman Christou, é excepcional, uma vez que o longa exige muito dos pequenos atores, que são o foco da criatura. A maior parte das cenas em que a Chorona efetivamente aparece é contracenando com as crianças, que desempenham muito bem seus papéis.
Entre os adultos, o curandeiro Raphael (Raymond Cruz), tentará ajudar a família a se livrar da mulher amaldiçoada, mas também tem a proposta de reforçar a cultura religiosa do México. Fica com o personagem de Raymond a parte cômica do longa.
A imagem de “La Llorona” é um tanto quanto caricata, talvez pelo excesso de maquiagem ou efeitos. O figurino, fiel ao que relatam as lendas, é um vestido branco que remete a eras coloniais. Apesar dos evidentes esforços a personagem não é tão assombrosa.
“A Maldição da Chorona” é um filme de terror leve, bem produzido. Se você gosta do gênero vale a pena conferir. Ah! Você encontrará referência direta a outro longa de terror muito famoso.
por Carla Mendes – especial para CFNotícias