Crítica: O Juízo


“O Juízo”, dirigido por Andrucha Waddington, é um suspense brasileiro que conta a história de Augusto (Felipe Camargo), que está em crise em seu casamento com Tereza (Carol Castro), devido ao alcoolismo e ao desemprego. Ele então decide mudar-se com a esposa e seu filho (Joaquim Torres Waddington) para uma fazenda que pertencia ao seu avô.

Acontece que a propriedade é assombrada por Couraça (Criolo) e sua filha Ana (Kênia Bárbara), escravos que foram mortos graças a uma traição dos antepassados de Augusto. Agora com o retorno da família a fazenda, eles buscam vingança.

O longa é recheado de simbologias que fazem referências a crenças e às histórias do nosso país. Logo de início, em cenas breves, temos a representação do período de escravidão, e no decorrer da narrativa, o extrativismo voltado à mineração de diamantes, que serve como um gancho para a junção dos acontecimentos.

A fotografia é um show à parte: o casarão utilizado como a residência da família está localizado na cidade de Minas Gerais, e bem próximo a essa locação, algumas cenas foram filmadas em belíssimas cachoeiras. Como em um bom filme de suspense, a sonoplastia também faz toda a diferença: em alguns momentos o espectador pode se assustar, já que os ruídos utilizados nos deixam bem apreensivos.

Embora a história seja interessante, algumas questões deixam uma ponta solta que poderia ter sido desenvolvida de outra maneira. Muitas coisas surgem do nada, e terminam da mesma forma, deixando o espectador sem saber o porquê aquilo aconteceu. O ponto principal do longa é a vingança, entretanto, outras questões acabaram sendo desencadeadas – faltou coerência para explicá-las.

O filme tem mais pontos negativos do que positivos, e mesmo que indiretamente, ele nos leva a refletir sobre questões que estão além do que estamos vendo na tela. Vale ressaltar que durante o desenvolvimento da história, fatores como o alcoolismo, racismo, e até mesmo a fé são utilizados como um contraponto entre a realidade e o delírio, o que nos entrega um final trágico, mas já esperado – nada que fuja das produções que estamos acostumados a ver.

por Victória Profirio – especial para CFNotícias