Roosevelt Garcia fala sobre seu novo projeto, “Almanaque das Memórias Afetivas – Volume 1”


Roosevelt Garcia, designer, escritor e pesquisador, passou os últimos 40 anos entre o mercado de cinema publicitário, o desenvolvimento de sistemas de hardware e software e a paixão por séries clássicas de TV.

Seu mais novo projeto, Almanaque das Memórias Afetivas – Volume 1 pode ser conferido através do Catarse (http://catarse.me/memoriasafetivas1), a maior plataforma de crowdfunding, ou financiamento coletivo, do Brasil. Você pode apoiar até o dia 29 de novembro.

Nosso site parceiro, A Toupeira, conversou com o autor:

A Toupeira: Vivemos em uma época em que mesmo as coisas que fazem sucesso, acabam sendo substituídas / esquecidas com muita rapidez. A que você credita esse fascínio que as décadas passadas continuam exercendo (principalmente, em quem viveu alguma delas)?

Roosevelt Garcia: Não diria “fascínio”, mas as coisas boas não devem ser esquecidas. É natural que as pessoas encarem com nostalgia épocas da sua vida que lhes foram importantes. O mundo mudou demais, principalmente nos últimos 20 anos, mas não pra pior. Só é diferente, e muitas das coisas que as pessoas que hoje têm mais de 30 anos vivenciaram, não existem mais. Algumas delas são até difíceis de explicar para as novas gerações. Sempre digo que o que fizemos no passado ajudou a moldar a pessoa que somos hoje. O que passou é importante SIM, apesar do que querem fazer a gente acreditar!

AT: Se por um lado existe a facilidade de se publicar textos em formato de e-books hoje em dia, por outro, a publicação de livros físicos pode ser complicada, ainda mais para autores independentes. O quanto as plataformas de financiamento coletivo ajudam nessa busca pela divulgação de trabalhos autorais?

RG: Em primeiro lugar, eu não consigo ver o Almanaque das Memórias Afetivas de outra forma que não seja em livro físico. As lembranças que ele carrega nos remetem a uma época analógica, então não teria sentido lançá-lo apenas em livro digital. E realmente, publicar um livro de verdade hoje em dia é uma questão de honra pra quem é independente. Sem dúvida, o financiamento coletivo é uma poderosa ferramenta de auxílio ao autor, e dependendo da plataforma, até uma boa divulgação da campanha é feita pelo site.

AT: Com o óbvio progresso que houve em várias áreas, simplificando o cotidiano de muitas pessoas, existe alguma coisa – que tenha sido importante no passado, mas não tenha a mesma relevância, hoje em dia – que você ainda mantém como recordação?

Hoje em dia, absolutamente tudo que simplificou o que existia antes depende da internet. Ouvir música, assistir filmes, pedir comida, pedir um “táxi”, tirar documentos, até consultas médicas são feitas de forma não presencial. Essa dependência que as pessoas adquiriram da vida online me preocupa. Um dia, se a rede cair por algum motivo, tudo vai parar. Eu, claro, uso tudo isso e até mais, mas não abro mão de mídias físicas. Tenho minhas músicas, meus filmes e séries, meus livros, e até discos de vinil. São tesouros que não me desfaço.

AT: Impossível falar sobre nostalgia, sem citar as muito aclamadas viagens no tempo, tão retratadas em várias obras.  Se você pudesse viajar para alguma época específica, das que são citadas em seu livro, para qual seria e por quê?

RG: Já pensei bastante sobre isso, e até já tinha decidido pra onde (ou quando) eu iria. Mas aí, refleti melhor e cheguei à conclusão que só somos o que somos por conta das experiências e decisões que tomamos no passado. Eu não mudaria nada! Mas se fosse só pra viajar e ficar assistindo sem qualquer interferência, eu adoraria voltar aos anos 1960 e ver o auge das séries clássicas da TV sendo exibidas pela primeira vez, muitas das quais nunca foram reprisadas na TV brasileira. Considero essa época como a era de ouro das produções televisivas.

AT: Com o projeto deste primeiro volume se concretizando, existe material e pretensão de se fazer uma sequência?

RG: Tenho material para dois volumes de 300 páginas, aproximadamente. Assim que eu entregar o volume 1 às pessoas que colaboraram com o projeto, começo a preparar o segundo volume, com temas que não foram usados no primeiro. Neste volume 1, falo sobre brinquedos, tecnologia, televisão e impressos. No segundo volume, vamos ter música, lugares, comportamento e personalidades. Se você pensa em alguma coisa com aquele gostinho de saudade, é grande a chance de eu falar sobre isso nestes livros.

por Angela Debellis

*Entrevista originalmente publicada no site A Toupeira.

**Crédito das imagens: Divulgação.