Resenha: Tina – Respeito
Já faz algumas décadas desde que o movimento feminista surgiu. Acontece que ele passou a ganhar força há alguns anos, quando as mulheres perceberam que seus papel na sociedade e sua existência não podiam mais ficar apenas em segundo plano. Foi então que suas reivindicações ganharam notoriedade e passaram a ser discutidas veementemente por todas aquelas pessoas que estimavam uma mudança.
O assédio sexual tem se tornado um assunto diário em especial nas redes sociais, onde são postados inúmeros relatos, notícias envolvendo celebridades, e daí por diante. Infelizmente, milhares de mulheres sofrem este tipo de constrangimento em diversos momentos de sua vida e não sabem ao certo como lidar com a situação. Em “Tina – Respeito” temos exemplos fortíssimos de sororidade e coragem para enfrentar um problema que passa longe de ser individual.
Na 24ª edição da graphic novel MSP, “Tina – Respeito”, a quadrinista Fefê Torquato reproduz a personagem Tina, criada por Mauricio de Sousa em 1964. Na história, a jovem recém-formada em jornalismo, realiza o sonho de trabalhar na redação de um jornal conceituado – o que ela não imagina é que passará por uma situação delicada no ambiente de trabalho.
A edição está cheia de detalhes importantes que valem a pena ser ressaltados. As graphics têm como objetivo abordar temas sociais que não estariam em quadrinhos comuns, portanto, é ideal que cada história transmita uma lição importante. Fefê Torquato conseguiu transformar um assunto pesado em algo fácil de ser ilustrado e com uma mensagem tão objetiva e maleável, que abrangerá o público adulto e infantil.
O ponto mais alto do quadrinho é o seu encerramento, quando Tina encontra a melhor solução possível para resolver o problema de assédio. Mas para chegar a esse ponto uma série de outros fatores aconteceram e é importante ressaltar ao leitor uma das questões mais importantes da publicação: preste atenção aos diálogos: a personagem usa e abusa de conversas construtivas, que com certeza o farão refletir.
A história está linda, muito bem escrita e desenhada. Fefê fez questão de utilizar as técnicas com aquarela para colorir os quadrinhos, além de usar traços finos e delicados em cada desenho. As expressões de cada personagem estão tão sofisticadas que conseguem transmitir uma mensagem, mesmo que não haja uma conversa entre eles.
Vale muito a pena conferir essa leitura.
por Victória Profirio – especial para CFNotícias