Crítica: Till – A Busca por Justiça


“Till – A Busca por Justiça” (Till) é um filme sobre a luta por justiça de Mamie Till Mobley (Danielle Deadwyler), depois que seu filho, um garoto negro de apenas quatorze anos, foi raptado, linchado e morto, em Mississipi, na década de 1950.

O longa mostra como o crime, que aconteceu de fato, foi noticiado e julgado e como o preconceito racial tornava a vida de negros na região, vulnerável à violência cometida por brancos, que passam impunes.

A história mostra como Mamie, uma mãe negra que perdeu seu único filho, conseguiu transformar o luto em uma emocionante batalha por justiça e pelos direitos civis nos Estados Unidos, um trajeto árduo – a lei para proibir os linchamentos só foi promulgada em 2022.

Emmett Till (Jalyn Hall) era um garoto alegre que tinha uma vida confortável com sua mãe em Chicago. Até que Bobo, apelido de Emmett, vai visitar os primos em Mississippi nas suas férias escolares.

A cena em que sua mãe o avisa sobre como deve se comportar no local, explicando como lá é diferente para os negros e como ele deve ter cuidados redobrados com os brancos é emocionante, ainda mais por já sabermos o que virá pela frente.

O crime acontece depois que o garoto, ingenuamente, elogia a mulher branca Carolyn Bryant (Haley Bennett), dona de uma loja de conveniência frequentada por negros. Carolyn alegou que ficou desconfortável depois que Bobo assobiou para ela, mas posteriormente, no julgamento, afirmou que teriam acontecido outras coisas que não poderiam ser verificadas.

Danielle Deadwyler consegue passar com precisão o conjunto complexo de emoções pelo qual sua personagem passa, desde a tristeza e luto pela perda do filho, até a força e determinação por fazer justiça. Vemos a protagonista tentar, com muito esforço, controlar as lágrimas e também sua raiva diante das contínuas violências que sofre por ser uma mulher negra.

O roteiro de Michael Reilly, Keith Beauchamp e Chinonye Chukwu (que também atua como diretor) escolhe bem o que mostrar e o que não mostrar. A direção não inova, mas apresenta bem a sensação de injustiça no caso de Emmett Till e o desenvolvimento de Mamie, que, antes do acontecimento, não se preocupava muito com o que acontecia com negros em outras regiões do país, mas depois se torna uma figura importante da luta por direitos civis.

“Se algo acontece com um de nós, acontece com todos nós”. Eis uma frase de Mamie que fica de lição e ainda é mais atual do que gostaríamos.

por Isabella Mendes – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Universal Pictures.