Crítica: Sra. Harris vai a Paris
“Sra. Harris vai a Paris” (Mrs. Harris goes to Paris) é um pequeno conto de fadas moderno, e a adorável protagonista é uma “Cinderela” viúva e de meia idade. A história se passa na década de 1950, e acompanha a empregada doméstica Ada Harris (Lesley Manville) em Londres, uma senhora gentil e bem humorada que vê positividade em tudo. Entre a correria de seus vários trabalhos, ela se apaixona por um vestido de alta costura da Dior que viu na casa de uma de suas patroas.
Após um pequeno empurrão do destino, a Senhora Harris decide que irá a Paris para comprar seu próprio vestido Dior. Aí começa a série de sufocos, a fim de conseguir juntar o dinheiro para a tão sonhada peça, para ir ao baile com sua amiga, também faxineira, Vi (Ellen Thomas).
O título já nos sugere que a gentil personagem consegue chegar a Paris, mas lá ela enfrenta vários outros obstáculos, entre eles a Diretora da Dior, Colbert (Isabelle Huppert), que não gosta da ideia de uma simples faxineira inglesa comprar um vestido tão luxuoso e exclusivo. Mas, na capital francesa, a Senhora Harris também faz amizades e encontra anjos da guarda, como a modelo da marca, Natasha (Alba Baptista), e o contador da Casa Dior, Andre Fauvel (Lucas Bravo).
É interessante como o filme ressalta a importância dos trabalhadores, até os mais “invisíveis” como faxineiras, costureiras e coletores de lixo – a protagonista se espanta ao ver tanto lixo nas ruas de Paris, até descobrir que os profissionais da área estão em greve.
O longa conta com algumas ajudas exageradas do roteiro baseado no livro homônimo de Paul Gallico, mas a interpretação de Lesley Manville como Sra. Harris é eficiente e dá equilíbrio à personagem, que, apesar de gentil e um tanto ingênua, é inteligente, perspicaz e determinada.
Um ponto alto é a caracterização dos cenários de 1950 e, principalmente, a atenção ao figurino, que reproduz de forma impecável os icônicos vestidos da Dior. As cenas do desfile são construídas, com cuidado e o maravilhamento estético de Harris com as vestimentas da marca é muito bem dirigido .
Apesar de uma grande atenção aos detalhes históricos, é claro que a produção toma algumas liberdades, como as várias modelos negras que aparecem desfilando para a marca, o que não acontecia na época, infelizmente.
Dirigido por Anthony Fabian (que também é um dos roteiristas junto a Carroll Catwright, Keith Thompson e Olivia Hetreed) “Sra. Harris vai a Paris” é açucarado e conta com algumas soluções fáceis, mas sabe disso e tem seu charme. Para quem quer ver um filme fofo e alto astral de Natal é uma ótima pedida. Não há como conhecer a gentil senhora Harris e sua jornada e não ficar um pouquinho mais otimista com a vida.
por Isabella Mendes – especial para CFNotícias
*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Universal Pictures.