Crítica: Segredos de Guerra


“Segredos de Guerra” (Firebird) é um romance baseado na história real contada no livro de memórias “A Tale about Roman” escrito por Sergey Fetisov. O filme retrata o romance proibido entre o jovem soldado Sergey e seu tenente e piloto de caça Roman, que se torna um triângulo amoroso com a jovem Luisa, em uma base aérea da União Soviética durante a Guerra Fria.

O drama se passa no final da década de 1970, na Estônia, ocupada pelos sovietes na época e é escrito e dirigido por Peeter Rebane e co-escrito por Tom Prior, o protagonista do longa.

A trama mostra as dificuldades de Sergey (Tom Prior) e Roman (Oleg Zagorodnii), em um ambiente conservador em que o romance entre dois homens era ilegal. Os dois se conhecem na base aérea e se tornam amigos ao perceberem que tem um amor em comum: a fotografia.

O que começa como uma amizade, aos poucos se transforma em uma paixão que precisa ser escondida. A produção mostra, a todo momento, como o ambiente em que vivem é rígido e atrelado a regras duras, que devem ser sempre obedecidas e nunca questionadas.

A história tem um grande impacto e saber que se trata de algo baseado em fatos torna a experiência ainda mais comovente. Os esforços dos personagens para encontrarem a felicidade em um ambiente absurdamente discriminatório emociona qualquer um que tenha o coração no lugar.

Em relação à produção técnica de “Segredos de Guerra”, esta é muito boa. A fotografia é muito bonita, tanto nas cenas intimistas, quanto nos planos abertos. O uso das cores é bem aplicado, sendo mais frio nas cenas tensas e ligadas a sobriedade militar, e mais quente ou colorido nas sequências alegres e amorosas.

Também muito bem escolhida, a trilha sonora se encaixa bem na narrativa. O título, inclusive, faz referência a uma ópera, que conta uma história romântica, mas também trágica, à semelhança da história de Sergey e Roman.

A química entre os dois atores principais é estonteante e faz com que o espectador releve qualquer defeito que possa ser encontrado na obra, no entanto, a opção pelo idioma inglês como padrão, ao invés de em russo, prejudicou um pouco a atuação do elenco.

Tal escolha é compreensível ao se pensar em acessibilidade, e por uma das co-produtoras ser britânica, mas parece que nem todos os atores estavam completamente confortáveis com tal decisão, o que é bem perceptível através do sotaque um pouco rígido.

“Segredos de Guerra” consegue ser devastador e bonito ao mesmo tempo. Uma bela crítica à intolerância e ao preconceito que, infelizmente, em inúmeros lugares ainda não mudou muito.

por Isabella Mendes – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela Synapse Distribution.