Crítica: Quando Margot encontra Margot
Dirigido por Sophie Filliéres, “Quando Margot encontra Margot” (“La Belle et la Belle“), é um típico filme francês no qual as emoções ficam evidentes em pequenos gestos, olhares ou diálogos entre os personagens dotados de sutileza.
O longa conta história de Margot (Agathe Bonitzer), uma jovem de 20 anos, que observa apática sua vida fora do eixo. Dividindo o quarto com uma amiga em Paris, ela enfrenta problemas no trabalho em uma loja de roupas caras, desistindo de seu mestrado e tentando preencher suas lacunas emocionais com relações rasas.
Enquanto isso, a “outra Margot” (Sandrine Liberlain) é uma mulher de 45 anos, professora de geografia e história, que está em ano sabático, mas teve que fazer uma viagem de emergência a Paris devido a um trágico acontecimento.
Lá é convidada a ir a uma festa e está completamente deslocada, pois, além de não conhecer ninguém, é confundida com a mãe de algum participante por causa de sua idade. É no banheiro desta festa que as duas protagonistas se encontram pela primeira vez e uma série de fatos as fazem desconfiar que são a mesma pessoa, em fases diferentes da vida.
Contrariando algumas teorias que dizem que o “eu do futuro” não deve interferir em seu passado – que neste caso é o presente de ambas – as Margots criam um laço forte que se intensifica com a aparição de Marc (Melvil Poupaud), ex da versão mais nova da personagem. A partir daí, a mais madura tenta sutilmente direcionar a jovem em algumas escolhas. Em vários momentos ficamos na dúvida se elas são realmente a mesma pessoa ou são mulheres diferentes envoltas em uma atmosfera de coincidências.
O roteiro deixa a desejar, abre alguns parênteses que não são fechados ao longo da obra, ficando por conta da imaginação do espectador os desfechos das personagens. Contudo, as atuações de Agathe Bonitzer e Sandrine Liberlains são a cereja do bolo e nos fazem ignorar a falta de semelhança física entre as atrizes e acreditar que ambas são a mesma pessoa devido aos trejeitos quase idênticos, e.
Com ótima fotografia, uma pitada de humor, drama e diálogos curtos, a comédia romântica nos faz refletir sobre o impacto de nossas ações do presente na formação de quem seremos no futuro. E você, se tivesse a oportunidade, daria algumas dicas ao seu eu do passado?
por Carla Mendes – especial para CFNotícias