Crítica: O Menino que queria ser Rei
Uma das lendas britânicas mais conhecidas é a do Rei Artur, em que o jovem Artur retira a famosa espada Excalibur da pedra, realizando a profecia que afirma que apenas o legítimo herdeiro do trono poderia retirá-la de lá. A lenda é tão popular, que não faltam adaptações para o cinema, sejam animações ou live-action, sejam com um olhar histórico ou fantástico.
“O Menino que queria ser Rei” (The Kid Who Would Be King), não é apenas mais uma adaptação literal do mito, mas o traz aos tempos modernos. O filme segue a história do jovem Alex (Louis Ashbourne Serkis), uma criança fascinada pelo mito Arturiano, que durante uma fuga de dois bullies de sua escola, encontra a mítica espada Excalibur em um canteiro de obras presa a uma pedra. Ao retirá-la, Alex se vê envolvido em um conflito antigo, entre Morgana e o portador da espada, pelo controle da Inglaterra, e quiçá do mundo.
Apesar das excessivas adaptações cinematográficas que existem no cinema optarem sempre pelo contexto medieval ou antigo, o longa envereda pela modernidade, tornando-se mais uma releitura do que adaptação. Desta maneira, acaba tendo um sucesso maior em sua empreitada do que vários títulos dos últimos 20 anos, visto que não pretende revisar a história de origem do personagem, mas contar uma versão própria.
Com esta liberdade, o filme acaba por fluir melhor, seus personagens têm mais personalidade, e é menos previsível. O roteiro consegue ao mesmo tempo ser épico, e explorar de forma interessante as fantasias infantis e os conflitos interpessoais, que mesmo para uma produção infantil tem uma quantidade bem alta.
A parte visual não é ruim, com belas tomadas panorâmicas, que dão um tom épico à jornada dos personagens. A música também está muito bem feita, e consegue transitar entre o épico e o infantil. Além disso, os efeitos especiais são eficientes, e conseguem trazer bem às telas os vilões.
As atuações no entanto são a parte mais fraca, com a maioria sendo ligeiramente irritantes, problema comum em filmes com atores jovens. No entanto, merece destaque Louis Ashbourne Serkis, que em seu primeiro papel como protagonista cinematográfico tem uma atuação interessante e bem condizente com o personagem. Também digno de destaque é Patrick Stewart, que mesmo quando precisa retratar um personagem cômico, o faz com uma seriedade e um peso incomuns.
“O Menino que queria ser Rei”, é um filme divertido, recheado de batalhas de espadas, e que vai entreter quem gosta do mito arturiano, e principalmente às crianças que forem assistir.
por Ícaro Marques – especial para CFNotícias