“O Homem nas Trevas 2” (Don’t Breathe 2) é uma continuação um tanto quanto incomum no cinema. Normalmente, se a fórmula de um filme funciona e faz grande sucesso, todas as sequências acabam tentando se ater a esta, falhando muitas vezes em adicionar elementos interessantes, e, no caso de títulos violentos, apenas aumentam a parte gráfica. O longa, que é sequência do sucesso de 2016, por sua vez, muda completamente de tom.
Norman Nordstrom (Stephen Lang) não é mais simplesmente “um vilão”, mas agora assume de vez o papel de protagonista, numa tentativa de redimir seu personagem do ser monstruoso visto em “O Homem nas Trevas”. Para isso, a narrativa insere uma nova personagem e dá ao veterano de guerra uma filha pré-adolescente, Phoenix (Madelyn Grace), a qual deve resgatar de um bando de sádicos, após a casa da dupla ser invadida.
À primeira vista, o roteiro de Fede Alvarez e Rodo Sayagues (este segundo, desempenhando também o papel de diretor) parece uma mistura do original com “Busca Implacável” – outra série de bastante destaque nas telonas -, sendo que ambos os protagonistas têm habilidades específicas adquiridas numa carreira muito longa como operativos especiais do governo e vão utilizá-las com o máximo de violência possível para resgatar suas respectivas filhas.
Tudo isto resulta numa aparente crise de identidade: ao não se firmar de vez no território da ação à moda Liam Neeson, “O Homem nas Sombras 2” acaba por não ser tão engenhoso quanto títulos deste gênero. Ao mesmo tempo, também renuncia aos elementos de terror que fizeram seu antecessor tão cativante, embora faça uso de muito mais elementos graficamente explícitos, com direito a muito sangue cenográfico.
De fato, o filme não parece ser uma continuação direta, funcionando melhor como título independente. A ação tem momentos eficientes, mas o arco do personagem às vezes não parece forte o bastante para sustentar a narrativa, ainda que haja fatos inéditos que levam a acontecimentos inesperados. Se a ideia for ligar as produções, talvez o único ponto em comum a se levar em consideração seja a obsessão de Norman por “repor” a filha que perdeu injustamente.
Então, é mais provável que o espectador que assistir a “O Homem nas Sombras 2” como uma produção isolada acabe mais satisfeito com o resultado que encontrará.
por Ícaro Marques – especial para CFNotícias
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*Título assistido via streaming, a convite da Sony Pictures Entertaiment.
