Crítica: O Esquema Fenício

Tem filmes que a gente entra, assiste, entende tudinho e sai satisfeito. E tem “O Esquema Fenício” (The Phoenician Scheme). Esse é o tipo de longa que parece uma daquelas conversas entre gênios excepcionais às 3h da manhã, cheias de ideias desconexas, personagens intensos, cenários milimetricamente simétricos… e zero vontade de explicar o que está acontecendo. E aí é que está o charme — ou o enigma.

Ao sair da exibição do longa, o sentimento foi de confusão… e também de curiosidade. Porque nem tudo precisa ser entregue pronto, explicadinho e amarrado com fita. Não é uma obra fácil. Aliás, é daquelas que divide plateias. Às vezes, o cinema nos provoca com algo que desafia as fórmulas e nos faz pensar: “O que foi que eu vi?”.

Com um elenco de dar inveja a qualquer tapete vermelho (Scarlett Johansson, Tom Hanks, Willem Dafoe, Benedict Cumberbatch, Bill Murray e Benicio Del Toro no centro de tudo), “o Esquema Fenício” parece um grande jogo de “Quem é Quem?” dentro de um tabuleiro de espionagem ambientada na década de 1940 com peças embaralhadas, heranças bizarras e diálogos carregados de ironia que se cruzam em um roteiro que mais parece um mosaico do que uma linha reta.

Escrito e dirigido por Wes Anderson, conhecido por seu estilo visual inconfundível e narrativas fora da curva, a produção se posiciona como uma comédia de espionagem, embora o humor aqui não esteja nas piadas óbvias, mas na construção de personagens absurdos, nos cortes secos e nas situações tão improváveis que podem arrancar sorrisos de quem aprecia o inusitado.

O que “O Esquema Fenício” oferece é experiência. Se não entender a história toda, pelo menos vai ter visto figurinos incríveis e atuações hipnotizantes ao acompanhar a trajetória de Zsa-zsa Korda (Benicio del Toro), um excêntrico magnata europeu envolvido nas indústrias de armamento e aviação.

Após sobreviver a seis acidentes aéreos e ser pai de dez filhos, ele decide nomear sua única filha, Liesl (Mia Threapleton), uma freira, como herdeira de seu império industrial (isso mesmo que você leu, uma freira!).

Vale assistir? Depende do que você procura. Recomendo? Sim. Como citei, não é um filme simples, por ser diferente e sair da mesmice. Porque no meio de tantas fórmulas repetidas, é refrescante ver uma obra que não tem medo de ser esquisita e ver atores incríveis em papéis singulares! E vamos combinar: às vezes é nos filmes mais inusitados que a gente encontra os melhores papos depois da sessão.

por Carlos Alberto Quintino – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Universal Pictures.