Crítica: No Ritmo da Vida


A cena LGBTQIA+ ainda é emergente quando o assunto é o audiovisual, inclusive o cinema, e a temática ainda é pouco explorada em grandes filmes de Hollywoood. “No Ritmo da Vida” (Jump, Darling) é um drama canadense quase biográfico escrito, dirigido e produzido por Phil Connell.

A trama gira em torno de Russell (Thomas Duplessie) – um homem gay que tentou por anos a carreira de ator, mas que se viu muito mais feliz realizando performances como a Drag Queen, Fishy Falters – que se frustra ao perceber que seu marido não o apoia nesta decisão, demonstrando um preconceito velado na relação.

Desta maneira, Russell decide encontrar sua avó, Margaret (Cloris Leachman), de quem recebeu uma carta dias atrás desejando revê-lo. E assim, com a experiência de vida de sua avó e os novos ares na cidade do interior, Russell começa a entender e se descobrir como pessoa e artista e os valores agregados em suas decisões morais e sociais.

Ainda que a temática possa trazer diversos mecanismos de roteiro a serem explorados, “No Ritmo da Vida” nem sempre consegue fixar no telespectador a empatia necessária para que as decisões realizadas por Russell realmente sejam impactantes.

O drama é deixado de lado, enquanto a produção se torna um grande videoclipe muito bem produzido. Claro, as músicas são fundamentais para nos contar os desejos e angústias do protagonista, mas a história central (que gira em torno das decisões práticas e imediatas de Russell) não traz o peso real, principalmente pelo fato dos personagens coadjuvantes não serem tão bem abordados e desenvolvidos.

Os laços criados por Russell, em destaque ao marido e à mãe, não parecem ser tão importantes na trama, ainda que as situações em conjunto com estes modelem o desenrolar da história.

Cloris Leachman, que interpreta a avó do protagonista, dá um show de atuação, demonstrando uma idosa frágil, com uma longa (ainda que traumática) história de vida, e decisões que possam parecer erradas, mas que as trouxeram ao status quo em que se encontra hoje como pessoa. Thomas Duplessie também entrega uma atuação boa em seu papel, porém o roteiro incapacita que possa explorar ainda mais suas habilidades.

De qualquer maneira, o filme abre precedentes para discussões dentro e fora da comunidade LGBTQIA+ com ótimas músicas e um visual artístico impecável.

por Artur Francisco – especial para CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa Digital promovida pela A2 Filmes.