Dirigido por James Watkins e protagonizado por James McAvoy e Mackenzie Davis, “Não Fale o Mal” (Speak No Evil) é um clássico remake norte-americano de um filme europeu. Nesse caso, a distância entre os dois longas é bem curta, sendo de apenas dois anos.
Porém, diferente de obras anteriores, que pareciam sem propósito ou versões distorcidas dos longas originais, “Não Fale o Mal” é ousado e tempera a história com elementos característicos do cinema estadunidense, alterando a experiência original e inserindo elementos de horror slasher que não são encontrados na versão europeia.
Na trama, acompanhamos uma família norte-americana – o casal está passando por uma crise em seu casamento e, após conhecer um casal britânico em um resort na Itália, é convidado por eles a passar um final de semana em seu sitio isolado. O comportamento estranho dos anfitriões Paddy (James McAvoy) e Ciara (Aisling Franciosi) incomoda desde o começo a esposa do casal visitante, Louise (Mackenzie Davis). Mas, os apelos a seu marido Ben (Scoot McNairy) não são validados, até ser tarde demais.
É sempre um desafio não comparar esses remakes americanizados com suas versões originais, afinal para nós espectadores, sempre fica parecendo que é preguiça do público norte-americano em se envolver com outra cultura que não seja a sua. Contudo, nessa versão de “Não Fale o Mal”, o roteirista / diretor James Watkins habilmente se distancia do longa europeu a partir do segundo ato, transformando a obra americana em algo singular.
Com certeza o fator que mais contribui para a qualidade do filme norte-americano é a atuação impecável de James McAvoy, que constrói um personagem desconfortável desde o início. Mesmo antes da produção apresentar os elementos de suspense mais profundos, McAvoy já incomoda por suas piadas de humor duvidoso, suas atitudes invasiva e sua violência sugerida, principalmente em relação a sua família.
Esse elemento torna o filme extremamente tenso e perturbador para quem fica imerso na narrativa, deixando o espectador tenso e em estado de alerta, tal qual a família visitante fica perante aquela situação.
Apesar de ainda achar duvidosa a prática de refazer longas internacionais em estúdios norte-americanos, “Não Fale o Mmal” se mostrou uma grata surpresa, pois, a falta de sutileza (característica estadunidense) inserida no ultimo ato, torna o resultado inesperado até para aqueles que viram a obra original, dando certa personalidade ao remake.
Isso não quer dizer, necessariamente, que a nova versão é superior, e sim que é corajosa o suficiente para não fazer um simples arremedo de roteiro, realocando os personagens em uma realidade familiar ao público dos Estados Unidos e adaptando as falas para a língua inglesa.
O longa vale a atenção, mas prepare-se para ficar tenso e desconfortável por toda a narrativa.
por Marcel Melisnk – especial para CFNotícias
*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Universal Pictures.