Crítica: Morte a Pinochet
“Morte a Pinochet” é um filme de drama e suspense coproduzido internacionalmente em 2020, dirigido por Juan Ignacio Sabatini.
O longa é baseado na tentativa de assassinato de Augusto Pinochet, presidente ditador do Chile – cujo fascismo marcou dezessete anos de seu governo ditatorial, que ocorreu em setembro de 1986. Foram anos marcados com mais de três mil mortes, dentre elas pessoas que nunca mais foram vistas e neste período diversos grupos de civis se rebelaram.
A trama acompanha, principalmente, três personagens: Ramiro (Cristián Carvajal), Tamara (Daniela Ramírez) e Sacha (Gastón Salgado), que, na década de 1970, tinham como objetivo matar Pinochet (Héctor Aguilar).
A história é muito bem elaborada, mostrando os motivos sólidos para que o grupo tome tal decisão. A narrativa é tão atual que mostra a importância da luta pela liberdade e democracia, não apenas uma luta armada contra um governo ditador.
Porém, o filme ainda tem seus entraves – como a não contextualização sociopolítica do país, mesmo que existam trechos reais que aconteceram ao longo do governo Pinochet. Outro ponto importante de ressaltar é a falta de desenvolvimento das personagens, com suas histórias pregressas, aprofundando assim melhor seus objetivos pessoais para a rebelião e não apenas os motivos como um grupo.
Por outro lado, 1 hora e 23 minutos de duração são suficientes para manter o espectador interessado na história e apresentar a Frente Patriótica Manuel Rodríguez, partido político ativo no Chile que arquitetou o plano.
É um título muito similar a “Marighella”, filme de 2019 de Wagner Moura, apresentando não apenas o cotidiano das pessoas que lutaram contra um regime, mas também os aspectos emocionais destas figuras, suas inseguranças, medo e esperança.
Boa experiência cinematográfica, “Morte a Pinochet” faz refletir muito sobre um perigo sombrio para a democracia sul-americana.
por Artur Francisco – especial para CFNotícias
*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela A2 Filmes.