Crítica: Kursk – A Última Missão
Trazer a realidade para ficção nem sempre é uma tarefa fácil, mas o cineasta dinamarquês Thomas Vinterberg foi persistente e bastante cuidadoso, durante a produção de “Kursk – A Última Missão” (Kursk).
O longa, que foi inspirado na história verídica do K-141 Kursk – um submarino nuclear russo, que afundou em Barents em agosto de 2000 – ganhou uma versão cinematográfica. Com roteiro de Robert Rodat, o filme tenta de forma sutil retratar o desespero e a aflição dos marinheiros vítimas do acidente.
As emoções transmitidas durante as cenas são capazes de confundir o espectador em determinados momentos: a realidade expressada pelos atores se destaca a cada detalhe, desde a caracterização física ao semblante de sofrimento, principalmente do protagonista Mikhail Averin ( Matthias Schoenaerts), que o tempo todo se mostra preocupado e um pouco resignado, talvez já temendo uma possível tragédia.
Sua esposa, Tanya (Léa Seydoux), ganha destaque no decorrer da trama; a interpretação de Seydoux consegue se sobressair: é notável o quanto ela se dedicou a sua personagem e soube dar-lhe vida da melhor forma. Mas, vale ressaltar a importância de Artemiy Spiridonov, o ator interpretou Misha, filho de Mikhail e Tanya. O jovem russo deu um show de interpretação e se repararmos bem, ele desde o início está ligado ao núcleo central da história, tendo forte ligação com o seu pai.
O longa traz uma mensagem abstrata sobre o tempo, o quão importante ele é para nossa sobrevivência e como pode ser usado, tendo como referência o tempo em que a marinha russa levou para planejar o resgate dos possíveis sobreviventes do naufrágio. Os marinheiros que conseguiram sobreviver por alguns dias dentro do submarino Kursk tiveram sua resistência posta à prova, algo que foi retratado de forma impressionante, de modo que é possível sentir a aflição daqueles homens presos, passando por difíceis necessidades e ainda assim, tentando sobreviver a todo custo.
A produção conseguiu acertar nos cenários do fundo do mar, sem contar os efeitos especiais que quase não são perceptíveis, apenas em algumas cenas marinhas onde pode se perceber pequenos pedaços do chroma key. Elenco, direção e produção souberam captar a sintonia correta do caso real e passar uma imagem agonizante e triste ao apresentar cada momento da história, deixando o destaque maior para o desfecho que marca as cenas finais do filme.
“Kursk – A Última Missão” é um thriller que mistura drama com ação, uma história inspirada em fatos reais que merece ser assistida no cinema.
por Pompeu Filho – especial para CFNotícias
*Filme assistido durante Cabine de Imprensa promovida pela Paris Filmes.