Crítica: Eu te amo, agora morra: O Caso de Michelle Carter


Eu te amo, agora morra: O Caso de Michelle Carter” (I love you, now die: The Commonwealth Vs. Michelle Carter) é o tipo de documentário que prende a atenção das pessoas do início ao fim. Trata-se de uma produção inteiramente baseada em fatos reais, além disso, ele faz o espectador se questionar a todo momento se existe ou não um culpado.

Para aqueles que não se recordam, na manhã do dia 14 de julho de 2014, nos Estados Unidos, Conrad Roy se asfixiou com monóxido de carbono dentro de uma caminhonete preta, no estacionamento de um supermercado. A princípio o que seria apenas um caso de suicídio, tornou-se uma das mais intrigantes investigações criminais do país.

Conrad era descrido por seus familiares como um rapaz alegre e feliz, fato que foi desmentido pela polícia após analisarem o conteúdo do celular do garoto. Os investigadores coletaram diversas informações como troca de mensagens, áudios e ligações, e tudo ligado a uma única pessoa: Michelle Carter. Os jovens estavam se relacionando a distância por quase dois anos, a família de Roy não tinha conhecimento de que eles estavam juntos.

Michelle foi indiciada por homicídio culposo, pois o conteúdo encontrado no aparelho de Roy era perturbador. Em dois anos de namoro, foram trocadas cerca de sessenta mil mensagens, nas quais Conrad se diz deprimido e exausto da vida – Carter então o incentivava a se matar. Para a polícia, a garota é a responsável pelo suicídio, afinal, no dia do ocorrido foi ela quem convenceu o jovem a ficar dentro do carro e morrer asfixiado.

É exatamente neste ponto que se inicia o debate: Michelle incentivava Conrad a cometer suicídio, mas não encostou um dedo sequer nele. Ela é culpada ou inocente? Para a polícia, a corte e a família, a resposta é clara, porém, até hoje para a sociedade essa é uma questão indefinida.

A produção também fez questão de mostrar o quanto a mídia teve relevância em impulsionar a opinião das pessoas que acompanhavam o caso. Carter foi capa de algumas revistas e jornais, com fotos fazendo algum tipo de careta, como se estivesse mostrando total desdém pelo que estava acontecendo. Acontece que essas fotografias foram tiradas durante as audiências que a garota enfrentava e geralmente eram intituladas com expressões sensacionalistas pelos repórteres, que em sua maioria já a tinham como culpada.

O documentário revela a troca de mensagens, entrevistas, e o posicionamento da defesa de Michelle, além de disponibilizar toda a linha de investigação que a polícia utilizou. É uma produção fortíssima e a cobertura desse caso passa longe de ser superficial. Os fatos apresentados em algumas cenas podem ser espantosos, ressaltando que tentaremos entender a mente humana e falharemos sempre que fizermos isso.

“Eu te amo, agora morra: Caso de Michelle Carter” foi produzido pela HBO e dividido em duas partes. O primeiro episódio estreia hoje (03) às 22h e o segundo irá ao ar na próxima semana.

por Victória Profirio – especial para CFNotícias