Existem alguns temas abordados em filmes e livros, que transcendem o tempo, pois sempre são muito atuais, independente da época na qual foram produzidos. Falar sobre vício em drogas é um desses assuntos: mesmo com o passar de décadas, as histórias sempre são muito similares, as pessoas começam auto afirmando que têm o controle da situação, e geralmente esse engano na mente é o que faz alguém que experimenta alguma substância ilícita, querer sempre mais.
“Eu, Christiane F. 13 Anos, Drogada e Prostituída” aborda de forma muito impactante esse ciclo vicioso, aliado ao turbilhão de sentimentos da adolescência. Dirigido pelo cineasta Uli Éder, a obra relata a história da jovem Christiane (Natja Brunckoust), na cidade de Berlim em meados da década de 1970.
Tendo que lidar com uma base familiar abalada, devido à separação dos pais, tudo que Christiane queria era se distrair para, de alguma forma, desvencilhar-se dos problemas em casa. Fã de David Bowie, ela consegue adentrar com a ajuda de uma amiga na badalada casa noturna “Sound,” onde o repertório era composto por músicas do astro – que, inclusive, aparece no filme fazendo um show na discoteca.
A partir dessa noite, tudo se transforma. Christiane faz novas amizades com um grupo em que todos usam de heroína, entre outras drogas. Ela se apaixona por Detlev (Thomas Houstein), que além de usar drogas, se prostituía para manter o vício. A jovem começa a usar drogas também, como forma de ser aceita e logo passa a se prostituir.
A produção inteira conta com cenas muito fortes de jovens se acabando – literalmente – pelo vício na heroína, com imagens de convulsões, crises de abstinências assustadora, mortes e dramas bem delicados. Lançado há 40 anos, o filme chega agora aos cinemas uma cópia remasterizada.
Essa informação nos leva novamente ao início desse texto, pois 40 anos se passaram, e sequências de pessoas arruinando suas vidas por causa da dependência química ainda são muito comuns. Ou seja, o ciclo vicioso não se acaba, fazendo um paralelo a letra de Cazuza: O futuro repete o passado, ao mesmo tempo que há um museu de tantas novidades .
A narrativa de “Eu, Christiane F. 13 Anos, Drogada e Prostituída” é um retrato da realidade de muitos, não somente jovens como a história mostrada em tela, mas muitos (independente da idade) que não têm força para enfrentar suas questões, ou não encontram apoio e acabam achando nas drogas uma válvula de escape.
Todavia, essa fuga momentânea, na maioria das vezes, destrói famílias e leva à morte. Há desfechos que são exceções? Sim, mas, o mais provável de permear as histórias são a tragédia e a destruição.
por Leandro Conceição – especial para CFNotícias
*Título assistido em Cabine de Imprensa Virtual promovida pela A2 Filmes.